terça-feira, 27 de maio de 2008

Neruda versão Tango

Me Gustas Cuando Callas - Adriana Varela


O Poema 15 (Me Gustas Cuando Callas) de Pablo Neruda, que foi posteriormente musicado pelo também chileno Victor Jara, ganha aqui uma versão tango na voz da argentina Adriana Varela.

Poema 15
Pablo Neruda


Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A de Sempre, crônica de Drummond

A de sempre

Carlos Drummond de Andrade


— Até beber cerveja ficou difícil — queixa-se.

— O preço?

— Não. A variedade. O embaras du choix.

— Mas se você já estava acostumado com uma...

— E as novas que aparecem? Em cada Estado surge uma fábrica, se não surgem duas. Cada qual oferecendo diversas qualidades. Você senta no bar de sua eleição, um velho bar onde até as cadeiras conhecem o seu corpo, a sua maneira de sentar e de beber. Pede uma cervejinha, simplesmente. Não precisa dizer o nome. Aquela que há anos o garçom lhe traz sem necessidade de perguntar, pois há anos você optou por uma das duas marcas tradicionais, e daí não sai. Bem, você pede a cervejinha inominada, e o garçom não se mexe. Fica olhando pra sua cara, à espera de definição. Você olha para cara dele, como quem diz: Quê que há, rapaz? Então ele emite um som: Qual? Você pensa que não ouviu direito, franze a testa, num esforço de captação: qual o quê? Qual a marca, doutor? Temos essa, aquela, aquela outra, mais outra, e outra, e outras mais. . Desfia o rosário, e você de boca aberta: Como? Ele está pensando que eu vou beber elas todas? Acha que sou principiante em busca de aventura? Quer me gozar? Nada disso. O garçom explica, meio encabulado, que a casa dispõe de 12 marcas de cerveja nacional, fora as estrangeiras, sofisticadas, e ele tem ordem de cantar os nomes pra freguesia. Até pra mim, Leovigil? pergunto. Bem, o patrão disse que eu tenho de oferecer as marcas pra todo mundo, as novas cervejas têm de ser promovidas. Não mandou abrir exceção pra ninguém, eu é que, em atenção ao doutor, fiquei calado, esperando a dica... Não quis forçar a barra, desculpe.

— E aí?

— Aí eu disse que não havia o que desculpar, ordens são ordens e eu não sou de infringir regulamentos. Os regulamentos é que infringem a minha paz, freqüentemente. Mas para não dar o braço a torcer, nem me declarar vencido pela competição das cervejas, concluí: Leovigil, traga a de sempre.

— Não quis dizer o nome?

— Não. Minha marca de cerveja — "minha garrafa", digamos assim, pois a individualidade começa pela garrafa — passou a chamar-se "a de sempre". Não gosto de mudar as estruturas sem justa causa, nem me interessa dançar de provador de cerveja, entende?

— Mas que custa experimentar, homem de Deus?

— Só por experimentar, acho frívolo. Os moços, sim, não encontraram ainda sua definição, em matéria de cerveja e de entendimento do mundo. Saltam de uma para outra fruição, tomam pileques de ideologias coloridas, do vermelho ao negro, passando pelo róseo, pelo alaranjado e pelo furta-cor. Mas depois de certa idade, e de certa experiência de bebedor, você já sabe o que quer, ou antes, o que não quer. Principalmente o que não quer. E é isso que os outros querem que você queira. Tá compreendendo?

— Mais ou menos.

— Na verdade, não há muitas espécies de cerveja, no mundo das idéias. Mas os rótulos perturbam. Uns aparecem com mulher nua, insinuando que o gosto é mais capitoso. Bem, até agora não vi rótulo de cerveja mostrando mulher com tudo de fora, mas deve haver. Mulher se oferecendo está em tudo que é produto industrial, por que não estaria nos sistemas de organização social, como bonificação?

— Você está divagando.

— Estou. Divagar é uma forma de transformar pensamentos em nuvem ou em fumaça de cigarro, fazendo com que eles circulem por aí.

— Ou se percam.

— E se percam. Exatamente. 0 importante não é beber cerveja, é ter a ilusão de que nossa cerveja é a única que presta.

Sujeito mais conservador! Ou sábio, quem sabe?


Texto extraído do livro “De notícias & não notícias faz-se a crônica”, Livraria José Olympio Editora – Rio de Janeiro, 1974, pág. 137.


Fonte: Releituras

Prosa de Vinicius de Moraes

A mulher e a sombra (Vinicius de Moraes)

Tentei, um dia, descrever o mistério da aurora marítima.


Às cinco da manhã a angústia se veste de branco
E fica como louca, sentada
espiando o mar...
Eu a vira, essa aurora. Não havia cor nem som no mundo. Essa aurora, era a pura ausência. A ânsia de prendê-la, de compreendê-la, desde então me perseguiu. Era o que mais me faltava à Poesia:


E um grande túmulo veio
Se desvendando no mar...

Mas sempre em vão. Quem era ela de tão perfeita, de tão natural e de tão íntima que se me dava inteira e não me via; que me amava, ignorando-me a existência?


És tu, aurora?
Vejo-te nua
Teus olhos cegos
Se abrem, que frio!
Brilham na treva
Teus seios tímidos...

O desespero inútil das soluções... Nunca a verdade extrema da falta absoluta de tudo, daquele vácuo de Poesia:


Desfazendo-se em lágrimas azuis
Em mistério nascia a madrugada...

Lembrava uma mulher me olhando do fundo da treva:


Alguém que me espia do fundo da noite
Com olhos imóveis brilhando na noite
Me quer.

E fora essa a única verdade conseguida. A aurora é uma mulher que surge da noite, de qualquer noite – essa treva que adormece os homens e os faz tristes. Só a sua claridade é amiga e reveladora. Ao poeta mais pobre não seria dado desvendá-la em sua humildade extrema. O poeta Carlos, maior, mais simples, a revelaria em sua pulcritude, a aurora que unifica a expressão dos seres, dá a tudo o mesmo silêncio e faz bela a miséria da vida:


Aurora,
entretanto eu te diviso, ainda tímida,
inexperiente das luzes
que vais acender
e dos bens que repartirás com todos os homens.


Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
Adivinho-te que sobes,
vapor róseo, expulsando a treva noturna.
O triste mundo facista se decompõe
ao contato de teus dedos,
teus dedos frios, que ainda não se modelaram
mas que avançam na escuridão como um sinal verde e peremptório.
Minha
fadiga encontrará em ti o seu termo,
minha carne estremece na certeza de tua
vinda.
O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,
os
corpos hirtos adquirem uma fluidez,
uma inocência, um perdão simples e
macio...
Havemos de amanhecer. O mundo
se tinge com as tintas da
antemanhã
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário
para colorir
tuas pálidas faces, aurora.

A aurora dos que sofrem, a única aurora. Aquela mesma que eu vira um dia, mas cujo segredo não soubera revelar. Uma mulher que surge da sombra...
Bem haja aquele que envolveu sua poesia da luz piedosa e tímida da aurora!

Fonte: Saite Oficial Vinicius de Moraes

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Novo dia, sigo pensando em você

O Bonde do Dom - Marisa Monte

O Bonde do Dom, canção de Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte, pertence ao álbum Universo ao meu Redor.

O Bonde do Dom (versão 2) - Marisa Monte

Dirigido por Katia Lund, esta é a segunda versão do videoclipe de O Bonde do Dom, de Marisa Monte.


O BONDE DO DOM
(Arnaldo Antunes/Carlinhos Brown/Marisa Monte)

Novo dia, sigo pensando em você
Fico tão leve que não levo padecer
Trabalho em samba e não posso reclamar
Vivo cantando só para te tocar

Todo dia, vivo pensando em casar
Juntar as rimas como um pobre popular
Subi na vida com você em meu altar
Sigo tocando só para te cantar

É o Bonde do Dom que me leva
Os anjos que me carregam
Os automóveis que me cercam
Os santos que me projetam

Nas asas do bem desse mundo
Carrego um quintal lá no fundo
A água do mar me bebe
A sede de ti prossegue

Frases de Nelson Rodrigues II

Seleção feita a partir do livro: Flor de Obsessão - As 1000 melhores frases de Nelson Rodrigues - seleção e organização de Ruy Castro - Companhia das letras

"No dia em que a criatura humana perder a capacidade de admirar,
cairá de quatro, para sempre. O mal de todos nós, a nossa crise,
a nossa doença, é que admiramos pouco, admiramos de menos"

"O adulto não existe. O homem é o menino perene."

"A perfeita solidão há de ter pelo menos a presença
numerosa de um amigo real."

"Trair um amor é uma impossibilidade.
Mesmo com outra mulher, é o ser amado que estamos possuindo."


"Qualquer amor há de sofrer uma perseguição assassina.
Somos impotentes do sentimento e não perdoamos o amor alheio.
Por isso, não deixe ninguém saber que você ama."

"O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros.
Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda."


"Cada um nós morre uma única e escassa vez.
Só o ator é reincidente.
O ator ou a atriz pode morrer todas as noites e duas vezes às quintas,
sábados e domingos, com vesperais a preços reduzidos."

"No Brasil, há platéia para tudo e o brasileiro é, por vocação, platéia.
Se um camelô vende caneta-tinteiro, junta gente;
se morre um cachorro atropelado, junta gente; e se,
passa um batalhão, nós vamos atrás.
O brasileiro tem uma alma de cachorro de batalhão."


"Invejo a burrice, porque é eterna."

"Só o cinismo redime um casamento.
É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de prata."


"Não admito censura nem de Jesus Cristo."

"Ou o sujeito é crítico ou é inteligente."

"Meus diálogos são realmente pobres.
Só eu sei o trabalho que me dá empobrece-los."

"Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro."

"A família é o inferno de todos nós."

"A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia."

"O homem não nasceu para ser grande.
Um mínimo de grandeza já o desumaniza."

"Deus me livre de ser inteligente."

"O jovem só pode ser levado a sério quando fica velho."

"Acho a liberdade mais importante que o pão."

"Não reparem que eu misture os tratamentos de "tu" e "você".
Não acredito em brasileiro sem erro de concordância."

"Toda mulher gosta de apanhar. O homem é que não gosta de bater."

"Todo óbvio é ululante."

"Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta."

"Uma das coisas mais terríveis é quando alguém me telefona dizendo que leu minha crônica e que morreu de rir. Fico numa tristeza mortal. Sempre falo sério.
Se sou engraçado, é à revelia de mim mesmo."

"A platéia só é respeitosa quando não está entendendo nada."

"O torturador tem câncer na alma."

"No ano 2010, o Brasil será maior que os Estados Unidos,
a Rússia, e qualquer outro. O Brasil é que dirá a grande Palavra Nova."


"Toda unanimidade é burra.
Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar."

"Eu disse, certa vez, que toda unanimidade é burra. Nem todas, porém.
De cinqüenta em cinqüenta anos, aparece uma unanimidade cujo julgamento é preciso, inapelável, eterno, como o Juízo Final."


"Com sorte, você atravessa o mundo.
Sem sorte não atravessa a rua"

"Se a vida lhe der as costas, passe a mão na bunda dela"


Fonte: CCSP


Leia também Frases de Nelson Rodrigues

Chico Buarque premiado em Cuba

CD “Carioca” de Chico Buarque recebe prêmio internacional Cubadisco-2008
Havana, 20 maio (acn) O CD “Carioca” do cantor e compositor brasileiro Chico Buarque e mais quatro discos internacionais lançados nos últimos dois anos, receberam o Prêmio Internacional da Feira Cubadisco-2008, que atualmente se celebra em Havana.


O Chico partilhou o Prêmio outorgado pela primeira vez, por um júri composto por especialistas internacionais, com “Techarí”, do grupo espanhol Olhos de Bruxo, “Navega”, da caboverdiana Mayra Andrade e a coleção “Gravações inéditas do teatro da Zarzuela”, auspiciado pela Fundação Autor.

“Carioca” (da Biscoito Fino) é reflexo da íntima e intensa relação do renomado artista brasileiro com a Cidade Maravilhosa, com a qual o unem laços que vão além da simples questão geográfica. Não se pode esquecer que Buarque é considerado a ponte entre a Velha Guarda do samba e a atual geração de clássicos da MPB e mesmo sendo esse um gênero nascido na Bahia, não há expressão musical mais representativa para a outrora capital brasileira.

Por sua vez “Tecahrí”, terceiro disco do conjunto espanhol, mistura impressões do jazz e o hip-hop, temperados com um toque de cubania ao estilo de um dos mais importantes pianistas jovens de Cuba, Robertico Carcassés. Aqui se sentem os ares impressos por London Asian Dud Foundation, o rap à maneira africana do senegalês Daara J, o flamenco pelo consagrado Pepe Habichuela, a copla de Martírio e a guitarrística de Kiko Veneno.

Já “Navega” (Sony-BMG), é uma mostra do talento vocal e contribuições de Mayra Andrade aos gêneros tradicionais caboverdianos.

Finalmente “Gravações inéditas do teatro da Zarzuela”, está composta por um álbum de quatro CDs e um livro, que viram a luz com motivo das celebrações pelo 150 aniversário do Teatro da Zazuela de Madri.

Cubadisco-2008, que oficialmente começou nesta noite de sábado, está dedicado à cultura africana e a influência de sua Diáspora, nas culturas americanas.
Conheça mais sobre Mayra Andrade nos linques a seguir:

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Pra nós todo Amor do Mundo

Morena - Los Hermanos

Clipe da sexta música do quarto disco do Los Hermanos.

morena
(marcelo camelo)

é, morena, tá tudo bem
sereno é quem tem a paz de estar em paz com deus
pode rir agora que o fio da maldade se enrola

pra nós todo amor do mundo
pra eles o outro lado
eu digo malmequer
ninguém escapa ao peso de viver assim: ser assim

eu não, prefiro assim com você, juntinho
sem caber de imaginar
até o fim raiar

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Obra do pintor Victor Meirelles catalogada para internet

Memória e Documentação
Obras do artista Victor Meirelles serão catalogadas em um banco de dados e imagens


por Patrícia Saldanha para o saite do MinC

A obra do pintor catarinense Victor Meirelles, um dos mais expressivos artistas plásticos brasileiros do Século XIX, será catalogada no Brasil e também no exterior. Uma iniciativa do Museu Victor Meirelles (MVM), em Florianópolis, vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ministério da Cultura (Iphan/MinC).

Trata-se do projeto Victor Meirelles: Memória e Documentação que está sob a coordenação-geral de Lourdes Rosseto, diretora do museu, e coordenação-executiva de Maria Inez Turazzi, historiadora do Museu Imperial.

A ação tem por objetivo a pesquisa, a preservação e a promoção da obra completa do artista, para a elaboração de um Banco de Dados e Imagens. “A idéia é criarmos um instrumento de pesquisa na Internet, que facilite o estudo da obra de Victor Meirelles e da pintura do Século XIX”, explicou a coordenadora do projeto em Santa Catarina, Letícia Bauer.

A catalogação teve início em março deste ano e o prazo de conclusão está previsto para setembro de 2009. Com um custo orçado em R$ 396 mil, na fase inicial, recebeu o patrocínio da Petrobras e apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). O banco de dados ficará disponível no site do MVM: http://www.museuvictormeirelles.org.br/.


Parcerias

O projeto será realizado em parceria com duas instituições detentoras das maiores coleções do artista, o Museu Imperial (em Petrópolis) e o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Após a conclusão dos trabalhos de catalogação, a partir de 2010, será realizado um seminário e uma exposição das obras selecionadas de Victor Meirelles, que dialogem com os resultados obtidos na pesquisa. Na conclusão do projeto haverá o lançamento de material didático e cultural sobre o artista e sua obra.

Uma equipe de historiadores, conservadores, documentalistas, web designers, técnicos em informática e estagiários irão buscar informações sobre a obra de Victor Meirelles em instituições públicas e privadas no Brasil e nos países onde ele estudou e trabalhou - Portugal (Ilha dos Açores), Países Baixos, Itália e França - e também junto ao público em geral. O projeto de memória e catalogação faz parte dos esforços de modernização do museu, junto com outras iniciativas que a instituição vem desenvolvendo, como o projeto de Reabilitação, Ampliação e Revitalização do Largo Victor Meirelles (onde a casa está localizada).

As pessoas podem participar do projeto enviando informações sobre o artista e suas obras pelo telefone (48) 3222-0692, projetovm@museuvictormeirelles.org.br
e museu.victor.meirelles@iphan.gov.br.

Fontes: Comunicação Social/MinC, Sites do Iphan e do MVM


ESTUDO PARA BATALHA DOS GUARARAPES: FELIPE CAMARÃO, circa 1874/1878 - Óleo sobre tela - 73 x 59,4 cm - Fotógrafo: Eduardo Marques

CABEÇA DE MULHER, sem data Óleo sobre tela - 54,5 x 45,5 cm - Fotógrafo: Eduardo Marques

Imagens Fonte: MVM

sábado, 10 de maio de 2008

Para todas as Mães

Diversas canções para homenagear todas as Mães. Músicas Dia das Mães, música para mãe

Minha Mãe - Djavan


Minha Mãe
Djavan


O descampado se via
E eu de esperar
Tava morta
Com jeito de agonia
Eu me encostava na porta
A disfarçar a barriga
Dos risos da fantasia
Fingindo ter
Nos meus olhos
Um sol que nunca podia
Via passar procissões
E os velhos nos caramanchões
ê, ê
Via passar esses dias
Como se fossem dobrados
Ardia em mim
Esse filho
Como se fosse pecado
Filho do pecado


Mãe - Gal Costa (Caetano Veloso) clique no linque para ouvir

Mãe
Caetano Veloso


Palavras, calas, nada fiz
Estou tão infeliz
Falasses, desses, visses, não
Imensa solidão

Eu sou um rei que não tem fim
E brilhas dentro aqui
Guitarras, salas, vento, chão
Que dor no coração

Cidades, mares, povo, rio
Ninguém me tem amor
Cigarras, camas, colos, ninhos
Um pouco de calor

Eu sou um homem tão sozinho
Mas brilhas no que sou
E o meu caminho e o teu caminho
É um nem vais, nem vou

Meninos, ondas, becos, mãe
E, só porque não estás
És para mim e nada mais
Na boca das manhãs

Sou triste, quase um bicho triste
E brilhas mesmo assim
Eu canto, grito, corro, rio
E nunca chego a ti


Coração de Luto - Teixeirinha


Coração de Luto
Teixeirinha


O maior golpe do mundo
Que eu tive na minha vida
Foi quando com nove anos
Perdi minha mãe querida

Morreu queimada no fogo
Morte triste, dolorida
Que fez a minha mãezinha
Dar o adeus da despedida

Vinha vindo da escola
Quando de longe avistei
O rancho que nós morava
Cheio de gente encontrei

Antes que alguém me dissesse
Eu logo imaginei
Que o caso era de morte
Da mãezinha que eu amei

Seguiu num carro de boi
Aquele preto caixão
Ao lado eu ia chorando
A triste separação

Ao chegar no campo santo
Foi maior a exclamação
Taparam com terra fria
Minha mãe do coração

Dali eu saí chorando
Por mãos de estranhos levado
Mas não levou nem dois meses
No mundo fui atirado

Com a morte da minha mãe
Fiquei desorientado
Com nove anos apenas
Por este mundo jogado

Passei fome, passei frio
Por este mundo perdido
Quando mamãe era viva
Me disse: filho querido

Pra não roubar, não matar
Não ferir, sem ser ferido
Descanse em paz, minha mãe
Eu cumprirei seu pedido

O que me resta na mente
Minha mãezinha é teu vulto
Recebas uma oração
Desse filho que é teu fruto

Que dentro do peito traz
O seu sentimento oculto
Desde nove anos tenho
O meu coração de luto.


Desculpa Mãe - Facção Central


Desculpa Mãe
Facção Central


Mãe...
Não dei valor pro teu sonho, sua luta.
Diploma na minha mão, sorriso, formatura.
Não fui seu orgulho. Diretor de empresa.
Virei ladrão com a faca que mata com frieza.
Não mereci sua lágrima no rosto.
Quando chorava vendo a panela sem almoço.
Vendo a laje cheia de goteira ou a fruta podre
que era obrigada a catar na feira.
Enquanto você juntava aposentadoria, esmola pra
não ter despesa.
Eu tava no bar, jogando bilhar, bebendo conhaque.
Bêbado eu era o ladrão de traca escopeta.
Com a mãe implorando comida, na porta da igreja.
Todo natal você sozinha, eu na balada.
Bancando vinho, farinha pras mina da quebrada.
Desculpa mãe pela dor de me ver fumando pedra, pela
glock na gaveta, pelo gambé pulando a janela.

Desculpa mãe...
Por te impedir de sorrir...
Desculpa mãe...
Por tantas noites em claro, triste sem dormir...
Desculpa mãe...
Pra te pedir perdão infelizmente é tarde...
É tarde...
Desculpa mãe...
Só restou a lágrima e a dor da saudade.

Quantas vezes no presídio, me visitou.
No domingo, bolachas, cigarro, nunca faltou.
Vinha de madrugada, sacola pesada.
Pra ser revistada pelos porcos na entrada.
Rebelião, você no portão.
Temendo minha morte.
Sendo pisoteada pelos cavalos do choque.
Eu prometi que dessa vez tomava jeito.
Tô regenerado. Ouvi seus conselho.
Uma semana depois, eu na cocaína.
Cala boca velha, sai da minha vida.
Eu vô chera, roba, seqüestra.
Não atravessa meu caminho se não vô te mata.
Sai pra enquadra o mercado da esquina.
Troquei com segurança, tomei um na barriga.
Polícia me perseguindo.
Eu quase pra morre, quando uma porta se
abriu pra eu me esconder.

Os gambé vigiando o pronto socorro.
Eu na cama delirando quase morto.
Ferimento ardendo, coçando, infeccionado.
A solução foi farmacêutico do bairro.
Que só veio por você com certeza.
A heroína que pediu esmola no busão com
a receita.
Deu comida na boca, comprou todos remédio.
Sonhou com o emprego.
Mas o diabo me quis descarregando o ferro.
Aí eu dei soco, chute, bati com tanto ódio.
Preciso fumá. Vai mãe, dá o relógio.
Velha, doente, desafiando a madrugada.
De porta em porta. Alguém viu me filho?
Eu tô preocupada.
Fim de semana foi farinha curtição.
Só cheguei hoje; de prêmio te encontrei
nesse caixão.
O vizinho ligou, que foi ataque cardíaco
Morreu na rua atrás da merda do seu filho.


Mamãe, Coragem - Caetano Veloso


Mamãe coragem
Caetano Veloso/Torquato Neto


Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu fui embora
Mamãe, mamãe, não chore
Eu nunca mais vou voltar por aí
Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu quero mesmo é isto aqui

Mamãe, mamãe, não chore
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Veja as contas do mercado

Pague as prestações
Ser mãe
É desdobrar fibra por fibra
Os corações dos filhos
Seja feliz
Seja feliz

Mamãe, mamãe, não chore
Eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz
Mamãe, seja feliz
Mamãe, mamãe, não chore
Não chore nunca mais, não adianta
Eu tenho um beijo preso na garganta

Eu tenho um jeito de quem não se espanta
(Braço de ouro vale 10 milhões)
Eu tenho corações fora peito
Mamãe, não chore
Não tem jeito
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Leia "Alzira morta virgem"
"O grande industrial"

Eu por aqui vou indo muito bem
De vez em quando brinco Carnaval

E vou vivendo assim: felicidade
Na cidade que eu plantei pra mim
E que não tem mais fim
Não tem mais fim
Não tem mais fim


Mãe (Mãe Solteira) - Tom Zé clique no linque para ouvir

Mãe (Mãe Solteira)
Tom Zé/Elton Medeiros


Cada passo
Cada lágrima somada
Cada ponto do tricô
Seu silêncio de aranha
Vomitando paciência
Prá tecer o seu destino

Cada beijo irresponsável
Cada marca do ciúme
Cada noite de perdão
O futuro na esquina
E a clareza repentina
De estar na solidão

Os vizinhos e parentes
A sociedade atenta
A moral com suas lentes
Com desesperada calma
Sua dor calada e muda
Cada ânsia foi juntando

Preparando a armadilha
Teias, linhas e agulhas
Tudo contra a solidão
Prá poder trazer um filho
Cuja mãe são seus pavores
E o pai sua coragem

Dorme dorme
Meu pecado
Minha culpa
Minha salvação


Detentos do Rap - Amor só de Mãe



Amor só de Mãe
Detentos do Rap


Vai vendo,quando estou no veneno preciso de uma idéia não vejo ninguém.
Familiares,parceiros só pensam no que convém,não cai e ai ladrão sei muito bem quem foi por,mim só deus sabe o que eu
Passei meu amor é de mãe só...penso assim.
São vários os patifes que apertam minha mão me chamam de irmão,mas viram as costas quando a necessidade bate no meu portão eu sempre,corri pelo certo não sou Deus pra ser todo correto,não abaixo a cabeça pro meu desafeto,se é vem...pensamento é concreto.
Lamento se a inveja foi mais forte do que a sensatez.
Detentos agora e pra sempre...a bola da vez eu sim,vi, corri e fiz por onde o barato virar,dificuldades eu passei mas eu resisti as artilharias que por ...sinal cuzão foi fracas demais.
Eu acreditei,eu acredito que a moral não se ganha se faz, corre atrás pois não vou,dá asa...pro inimigo,viveu mas não viverás pra ficar no nosso ritmo.
Quem é sabe o que eu falo não quer ser,pois já é de fato não faz o barato de embalo,não vive e nem corre atrás de status
Parceiro só Deus nele é a única confiança e nela é o único amor é a fonte desde criança.
Não temo pois em algum lugar sei,que Deus ''tá'' olhando por mim,e você que abraçou o mundão que nada fez por ti.
Fim de ano ali dentro guardado,castelo é só champanhe... guarda pra você vagabundo...
O amor é só de mãe...
- alô!
- alô, filho? é a mãe, onde é que ''cê'' ta?
- oh mãe, to fazendo um corre com os parceiros que foi preso no assalto ali.
- assalto? e você como é que ''cê'' ta?
- to bem mãe...ai nóis foi fazer um corre com a mãe do parceiro ali,entendeu?
-Mais é o seguinte, caiu no esquecimento, mais ai, ta preso,
Mas não ta morto não...ta preso, mas não ta morto não,
Entendeu?
- ta bom filho, Deus te acompanhe.
Dominou sem visita, e o resto da grana a policia deu o bote, seus parceiros da cena veio por você entraram em choque.
Três anos se passou e a loira tingida trabalha no 12,que valor que isso tem agora já matou pela vaca e nos dias de hoje,seus filhos estão jogados,de aviãozinho na amargura,que que você quer pra ele,a mesma tabela ou a mesma loucura !?
Truta agora percebe as pessoas que você deu valor,enquanto aquela que merece,implorava pelo seu amor.
Do que adiantou as noitadas com as vagabundas que só queriam
Dinheiro,quantos mil reais na cena mas é só ela que ''ta'' sofrendo.
Bandido reflita na idéia,raciocina,porque o caminho é
constante,sem liberdade e sem aliado mas com amor que é de mãe.
- Na vida do crime eu me entreguei e pra sobreviver eu tive que matar...e lagrimas de mãe...fiz rolar.
- Saiba filho que eu te perdoei...e pra te ver feliz eu tive que chorar,só não quero lamentar...quero te ver voltar.
È foda saber que já maguo que mais te amava,por mais que respeitado no crime vagabundo,agora se sente um nada parceiro.
O Mundo da volta e é sempre ela que vai te ajudar,por mais que a gente fale de irmão,é só nela que dá pra confiar.
Compartilha a tristeza e alegria pois ninguém é tão fiel assim e eu sei o que ela pedi pra ela,é porque jamais vai querer pra ti,entende agora vagabundo,porque o amor é só de mãe?
Viva por ela de o valor naquela frase ''Deus te acompanhe'' Ai dentro quem manda seu jumbo,esta sempre presente em dia de visita,quem desmaiou e quase morreu de enfarte,com a noticia.
Desamparada chicote estralando,dentro da prisão e a tropa choque invadindo e só ela com o coração na mão,sabendo que quem não senta pra aprender jamais ficara de pé para ensinar e que o crime ele é o que é,mas ele jamais vai admitir as falhas.
Ela pede a Deus que sempre te ilumine e que te
acompanhe,o exemplo é pra você vagabundo e o amor é só de mãe.
- Não me lamentei quando até matei,vendo lagrimas de mãe que fiz rolar...
- Mas só eu sei,tudo o que eu passei,quando pra vida do
crime tive que voltar.

- Meu filho ? dia 15 de outubro de 93,lembro como se fosse ontem...
Favela cercada,minha casa invadida pensei até que era um assalto...Mas não,de repente eu vi o nome do meu filho sendo gritado,o policia invadiu minha casa,levou meu filho lá pra fora...Mataram ele,jogaram uma ''pá''de droga em cima,depois disso minha vida mudou completamente.
- Meu filho eu perdi em 92 no massacre do carandiru,não apresentaraum o documento,nem o corpo no IML.
Desde o dia do massacre.
- Meu filho? meu filho é um jovem...Jovem preso em uma cadeira de rodas,pro resto da vida.
Toda mãe sabe,tampa o sol com a peneira...E eu fui mais uma.



Angélica - Chico Buarque

Chico interpretando Angélica, canção composta para Zuzu Angel.

Angélica
Miltinho/Chico Buarque


Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar

Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar

Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Programa Dor de Cotovelo

Quem já não teve ciúme de alguém?! Esta sensação desgraçada perturba todos os envolvidos, tanto aquele que o sente, quanto aquele alvo deste sentimento algoz. Alguns o consideram zelo amoroso, uma prova de amor. Outros chamam de doença, paranóia, ou mera insegurança. Tanto faz, o que interessa é que a dor de cotovelo já foi capaz de produzir belas canções, principalmente dentro da música brasileira. É sobre este tema que trata o programa Contando Música, da Rádio Câmara, que foi ao ar neste último três de maio. A atração, além de traçar um breve panorama sobre o ciúme dentro da nossa música, apresenta canções de nomes como Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Rita Lee, Ultraje a Rigor, entre outros. O programa, dividido em dois blocos, pode ser ouvido e baixado nos atalhos a seguir:

Ouça (ambos arquivos de áudio são do tipo wma*)

Ciúme - bloco 01 (16'08'')

Ciúme - bloco 02 (18'23'')


Os dois blocos do programa sobre Ciúme, do Contando Música da Rádio Câmara, estão disponíveis pra download em três opções: wma estéreo, mp3 estéreo e mp3 mono. Eleja o de sua preferência. Para copiar o arquivo, clique com o botão direito do mouse e escolha a opção "salvar destino como", informando a pasta do seu computador em que o arquivo deverá ser gravado.

Baixe completo bloco 01


Baixe completo bloco 02

No saite da Rádio Câmara pode-se ouvir a rádio ao vivo e o acervo completo de programas gravados. Acesse aqui.

*WMA é um formato de arquivo de áudio do Windows Media Player, da Microsoft, programa este disponível gratuitamente para download. No entanto, o Música&Poesia recomenda o Media Player Classic, que, além de ser programa de código aberto, gratuito, é muito menor que o programa da Microsoft. Também serve como player de DVD, suporta legendas AVI, formatos QuickTime, RealVideo, WMV, entre outros.