segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Rap Nacional Cada Vez Mais Brasileiro

Cultura
Menos EUA. Mais Brasil
por Pedro Alexandre Sanches

Uma nova safra do hip-hop abre-se para o samba e para a canção dita “cafona”

O rap está descobrindo o Brasil. Quase 20 anos após o advento dos Racionais MC’s, a temporada mais recente de lançamentos de discos do gênero aponta para uma marcante mudança de comportamento entre os artistas de hip-hop: as bases e os samplers (amostras musicais incluídas dentro dos raps) de temas norte-americanos vão cedendo espaço às referências de música brasileira, que, pela primeira vez, se multiplicam de modo a se aproximar da hegemonia.

O segundo dado de impacto diz respeito a qual é esse Brasil que está sendo descoberto pelos rappers verde-amarelos. A dita MPB, aquela que ao longo das últimas décadas foi se confinando a nichos elitizados governados por uns poucos medalhões, segue encontrando pouca ressonância na abundante leva nova que inclui nomes (às vezes inusitados) como Ca.Ge.Be, GOG, A Família, SNJ, Criolo Doido, Z’África Brasil e Negredo, entre tantos outros.

O rap se reconcilia
com a música brasileira, mas privilegiando seus setores mais marginais, notadamente o samba “de raiz”, os ritmos nordestinos tradicionais e, mais ainda, a música comumente chamada de “cafona” ou “brega”. Entre os samplers escolhidos para dar bases musicais às rimas, referências constantes são Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Roberto Carlos, Celly Campello, Altemar Dutra, Paulinho da Viola, Lindomar Castilho, Zé Ramalho, Paulo Diniz, Zeca Pagodinho, Amado Batista e muitos outros.

Muros altos de preconceito e medo tiveram de ser demolidos para que o gueto do rap passasse a ensaiar a construção de pontes de ligação com o samba ou com a canção não elitizada. A abordagem é ainda hoje ressabiada: muitos artistas começam a conversa creditando a aproximação ao desejo de homenagear os gostos musicais de mães e pais.

É o que demonstra César Sotaque, do grupo Ca.Ge.Be (abreviação de Cada Gênio do Beco), formado por quatro rapazes e uma menina da periferia norte de São Paulo, que estréia com o surpreendente Lado Beco (editado pelo selo Equilíbrio, de KL Jay, um dos Racionais). César explica, levemente constrangido, qual é a base do impactante rap Missão Comprida: “O sampler é de Barros de Alencar. Faz parte da minha infância, minha mãe sempre ouviu muito rádio AM. Não digo que gosto, mas criei um carinho com música brega, jovem guarda. Queremos ter nossa identidade, que é brasileira. O rap tem de assumir a cara nacional. Mais de 80% do CD é de sampler brasileiro, queríamos que fosse tudo”.

Algo parecido diz Gato Preto, do grupo paulista A Família, que reúne integrantes da capital e do interior e estreou em 2006 com o CD Cantando com a Alma: “É difícil os mais jovens conhecerem Altemar Dutra, Bartô Galeno, Paulo Sérgio, mas esse é o pessoal da nossa infância. Era o que nossos pais ouviam em casa, minha mãe cozinhando, com o radinho de pilha ali tocando, o cigarro de palha na boca”.

Baião, coco e embolada também fluem por essas árvores genealógicas, como ilustra Gaspar, do grupo Z’África Brasil, que apresentou há pouco seu segundo álbum, o denso Tem Cor Age, em cujas rimas e melodias são onipresentes Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, Zumbi e Lampião: “A influência nordestina vem da minha família. Meu pai é sanfoneiro do Rio Grande do Norte, depois a família toda migrou para o Ceará, ele está em São Paulo há 40 anos. Antes, o embolador ia para a Praça da Sé com um pandeiro, hoje a gente vai com dois microfones e um DJ. É tudo o mesmo som do canto falado”.

O vínculo materno reaparece na fala de Bastardo, do inspirado e já veterano grupo SNJ (Somos Nós a Justiça). No 100% independente A Esperança É o Alimento da Alma, a banda se abre, pela primeira vez, à citação de Tim Maia e a um sampler de Se Você Pensa, de Roberto Carlos. “O sampler é uma homenagem à minha mãe. Mas ela não gosta, fala que eu estraguei a música dele”, brinca. “É um jeito de a gente conseguir convencer uma pessoa de 40 anos para cima, que gosta de Roberto Carlos e Rita Lee, a escutar rap.”

Vem de Bastardo uma indicação de que sons nativos não chegam ao rap apenas como homenagem a pais e mães: “Sou ‘fãnzão’ de Roberto Carlos. O que eu quero é mostrar sons que curto e não têm nada a ver com rap, mas podem ser usados de um jeito que fique com a nossa cara”.

O que soa como novidade maior é um discurso inédito que começa a reconhecer que há vínculos evolutivos entre a música brasileira e o filhote rebelde hip-hop, já que não é de hoje que rappers se nutrem, sem alarde, dessas fontes (é bom lembrar que Jorge Ben e Tim Maia estiveram desde os primórdios no DNA dos Racionais). Um dos pontos de virada, como vários admitem, foi o esboço de aproximação de nomes de certa visibilidade, como Rappin’ Hood, Marcelo D2 e Xis, com o samba mais consistente e a canção nacional tradicional.

Mas, mais que o carioca D2 e os paulistas Rappin’ Hood e Xis, o desbravador louvado pela maioria dos novos artistas chama-se GOG (codinome de Genival Oliveira Gonçalves). É de Brasília e se movimenta com desenvoltura (embora sempre à margem da mídia) no rap paulista da capital e do interior. No novo CD, Aviso às Gerações..., ele sampleia da black music nacional de Cassiano ao romantismo “cafona” da jovem-guardista Lilian (Sou Rebelde, de 1979, é a base de Sonho Real, um rap sobre o MST).

Pois GOG se aventura por essas praias há tempos. O excelente Tarja Preta, de 2004, apostava na diversidade da música brasileira, liquidificando referências díspares como Elis Regina, Jorge Ben, Wanderléa, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Raul Seixas, Vanusa, Toquinho & Vinicius de Moraes, Toni Tornado, Legião Urbana... O romântico Paulo Sérgio, que iniciou carreira em 1968 como êmulo do “rei do iê-iê-iê” Roberto Carlos e adquiriu contornos de mito popular ao morrer precocemente em 1981, é a redescoberta de GOG que vem sendo ecoada por muitos dos novos grupos. O pernambucano Lenine, outro dos citados por ele em Tarja Preta, foi o primeiro a topar pavimentar a ponte também de cá para lá: em retribuição, convidou o rapper para participar de seu acústico na MTV.

Esse tipo de diversidade também é mote central do paulistano do Grajaú Criolo Doido, que apresenta a estréia-solo Ainda Há Tempo após 18 anos trabalhando com ação social comunitária, rap e circo. Ele cita e sampleia Celly Campello, Baby Consuelo, o samba culto Maior É Deus (de Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro), o mexicano Trini Lopez e, até, temas infantis de Walt Disney para Alice no País das Maravilhas e Os Três Porquinhos. “Uso Disney por ironia. Alice fala deste meu país maravilhoso e tão feliz, cadê esse país?”

Os artistas são unânimes em creditar parte da distância antes guardada ao medo da repressão pelos artistas sampleados. De fato, as colagens são feitas à base da transgressão, sem pedir autorização. O medo estaria diminuindo? “Eu não represento nada para a Disney, ainda não represento nada nem para o rap”, provoca Criolo Doido. “Não represento perigo para a Disney. Até queria que me processassem e tirassem o disco de circulação, quem sabe aí eu chamava a atenção”, ironiza.

Na faixa Voz e Violão,
Criolo Doido explicita outro elemento crucial de diferenciação deste novo momento: o rap tenta, pouco a pouco, se libertar do rótulo de antimusical, aproximando-se também da melodia e de instrumentos tradicionais. Criolo Doido faz uma alegoria para justificar o rompimento de mais esse dogma: “O rap é uma religião fortíssima. Às vezes, a gente tem de ser duro para conquistar o respeito das pessoas, para só depois poder abrir os ouvidos e o coração”.

“É um crescente”, concorda Bastardo, do SNJ, que só no novo CD começou a usar violões, teclados e baixo. “Por todos os lugares do Brasil há grupos que estão não mudando de estilo, mas se encaixando em outros lados da música, na vontade de ser feliz, de progredir”, afirma, expondo o esforço atual do rap em se expandir além dos preceitos de protesto negativista de suas origens.

Isso significaria uma capitulação às críticas renitentes quanto ao “mau humor” desse gênero musical? Mais ou menos. É fato que uma vertente industrial algo suavizada tenta neste exato instante se impor, a partir dos discos das quatro protagonistas do filme Antônia, Negra Li, Cindy, Quelynah e Leilah Moreno. A ala feminina do hip-hop galga o pioneirismo de conquistar seu quinhão de expressão, às vezes fundadas demais no modelo de rhythm’n’blues mercadológico à moda norte-americana.

Num outro pólo, há artistas agressivos e sempre ignorados pela mídia, como Dexter (que lançou de trás das grades o forte Exilado Sim, Preso Não!) e o grupo Facção Central (cujo recente O Espetáculo do Circo dos Horrores, se alterna por temas como MST, guerrilhas, crítica política, situação carcerária etc.). No meio-termo, a politização extrema também rege o trabalho de grupos que procuram distender o rap, como GOG, Z’África Brasil, A Família, Ca.Ge.Be, Inquérito, Face da Morte etc.

Se a grande indústria multinacional se fascina diante das meninas de Antônia (três delas estão sob contrato da Universal), o rap de letras contundentes de vários desses grupos encontra guarida na distribuidora Sky Blue, cujo diretor artístico é Mister Sam, tutor nos anos 70 e 80 de Gretchen, a “rainha do bumbum”. “Já é tradição os caras do hip-hop virem aqui lançar seus discos. O cara grava e traz, a gente lança”, simplifica Mister Sam. Pragmática, a Sky Blue participa do processo pavimentando outra ponte outrora improvável: é ela que faz chegarem às lojas de qualquer shopping mauricinho os discursos mais contundentes da atual música brasileira, invariavelmente egressos das periferias.

Há ainda um ponto a comentar, e César Sotaque é o primeiro a citá-lo, falando pelo Ca.Ge.Be. “A maioria de nós terminou o ensino médio. É importante, e o começo de alguma coisa”, diz, contando que o grupo conduz carreiras paralelas de serralheiro, porteiro, babá, operário etc.

A sede de conhecimento parece estar em voga no rap daqui, no interesse pela história da música e do Brasil, pelos instrumentos musicais, pela literatura nacional (caso do grupo Mzuri Sana, que buscou em Machado de Assis a inspiração para sua Ópera Oblíqua). Caso emblemático é o de um dos grupos-revelação do momento, Inquérito, formado em Hortolândia (interior de São Paulo) e vencedor do Prêmio Hutuz (promovido no Rio pela Cufa, de MV Bill) de melhor rap de 2006, por Pais e Filhos.

Três integrantes do Inquérito cursam faculdade, um deles na Unicamp e dois na PUC de Campinas. “Sempre digo que sou um rapper na universidade, e não um universitário no rap, porque a idéia de fazer faculdade veio bem depois da entrada no rap. Aliás, veio muito do rap, de tanto escutar as letras do GOG. Resolvi fazer algo para a sociedade além do rap, pois no rap não dá para fazer tudo. Prestei vestibular dois anos até conseguir. Hoje posso dar aula para a molecada como voluntário em cursinhos comunitários”, sintetiza Renan. E é complementado pelo parceiro Klandestino: “Aprendemos com pessoas de outro nível social, e eles aprendem com a gente. Acredito que a revolução vai ser escrita, e não armada”. São novas facetas do rap, que o Brasil ainda está por descobrir.


Legenda Foto: Iê-iê-iê. O SNJ transgride sampleando Roberto Carlos (Redação Carta Capital)

Fonte: CartaCapital

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Glauber pra ver




Di-Glauber e Di Cavalcanti di Glauber

ou assista aqui em:
http://www.tempoglauber.com.br/di2.WMV (versão completa, imagem com mais qualidade, áudio um tanto comprometido)

Ficha Técnica

Título Original: Di - Ninguém Assistirá Ao Enterro Da Tua Última Quimera, Somente A Ingratidão, Aquela Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável!
Não-ficção, curta-metragem, 35mm, colorido, 480 metros, 18 minutos. Rio de Janeiro, 1977. Companhia produtora: Embrafilme; Distribuição: Embrafilme; 1a exibição: 11 de março de 1977, Cinemateca do MAM, Rio de Janeiro; Lançamento: 11 de junho de 1979, Rio de Janeiro (Roma-Bruni, Rio Sul, Bruni-Copacabana, Bruni-Tijuca); Diretor de produção: Ricardo Moreira; Diretor: Glauber Rocha; Assistente de direção: Ricardo (Pudim) Moreira; Fotógrafos: Mário Carneiro, Nonato Estrela; Montador: Roberto Pires; Música: Pixinguinha (Lamento), Villa-Lobos (trecho de Floresta do Amazonas), Paulinho da Viola, Lamartine Babo (O Teu Cabelo Não Nega), Jorge Ben; Locações: Museu de Arte Moderna, Cemitério São João Batista (Rio de Janeiro); Prêmio: Prêmio Especial do Júri - Festival de Cannes/1977; Outros títulos: Ninguém assistiu ao formidável enterro de sua última quimera; somente a ingratidão, essa pantera, foi sua companheira inseparável; e Di-Glauber.Locutor: Glauber Rocha; Textos: Vinícius de Morais (Balada do Di Cavalcanti), Augusto dos Anjos (trecho de Versos Íntimos), Frederico de Moraes (trecho de artigo sobre Di Cavalcanti), Edison Brenner (anúncio da morte de Di)

Elenco

Glauber Rocha (Locutor)
Joel Barcelos
Marina Montini
Antonio Pitanga

Obs: A exibição do filme está interditada pela justiça desde 1979, quando da conceção de liminar pela 7a. Vara Cível, ao mandado de segurança impetrado pela filha do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti.


COMENTÁRIO
"A morte é um tema festivo pros mexicanos, e qualquer protestante essencialista como eu não a considera tragedya . . Em Terra em Transe o poeta Paulo Martins recitava que convivemos com a morte...etc... dentro dela a carne se devora - e o cangaceiro Corisco, em Deus e o Diabo na Terra do Sol, morre profetizando a ressurreição do sertão no mar que vira sertão que vira mar...
Matei muitos personagens? Eles morreram por conta própria, engendrados e sacrificados por suas próprias contradições: cada massacre dialético que enceno e monto se autodefine na síntese fílmica, e do expurgo sobram as metáforas vitais.
As armas de fogo, facas e lanças são os objetos mortais usados por meus personagens, mas a rainha Soledad bebe simbolicamente veneno no final de Cabeças Cortadas e os mercenários de O Leão de Sete Cabeças são enforcados. Em Câncer, Antônio Pitanga estrangula Hugo Carvana, assim como Carvana se suicida em Terra em Transe. Em Claro foi usado um canhão para matar um mercenário no Vietnam e dois personagens morrem afogados em Barravento, além das multidões incalculáveis massacradas por Sebastião, Corisco, Diaz, etc.
Filmar meu amigo Di morto é um ato de humor modernista-surrealista que se permite entre artistas renascentes: Fênix/Di nunca morreu. No caso o filme é uma celebração que liberta o morto de sua hipócrita-trágica condição. A Festa, o Quarup - a ressurreição que transcende a burocracia do cemitério. Por que enterrar as pessoas com lágrimas e flores comerciais? Meu filme, cujo título, dado por Alex Viany, é Di-Glauber, expõe duas fases do ritual: o velório no Museu de Arte Moderna e o sepultamento no Cemitério São João Batista. É assim que sepultamos nossos mortos.
Chocado pela tristeza de um ato que deveria ser festivo em todos os casos (e sobretudo no caso de um gênio popular como Emiliano di Cavalcanti) projetei o Ritual Alternativo; Meu Funeral Poético, como Di gostaria que fosse, lui. . . o símbolo da Vida...
No campo metafórico transpsicanalítico materializo a vitória de São Jorge sobre o Dragão. E, no caso de uma produção independente, por falta de tempo e dinheiro, e dada a urgência do trabalho, eu interpreto São Jorge (desdobrado em Joel Barcelos e Antônio Pitanga) e Di-O Dragão. Mas curiosamente Eu Sou Orfeu Negro (Pitanga) e Marina Montini, dublemente Eurídice (musa de Di), é a Morte. Meus flash-backs são meu espelho e o espelho ocupa a segunda parte do filme, inspirado pelo Reflexos do Baile, de Antônio Callado, e Mayra, de Darcy Ribeiro. Celebrando Di recupero o seu cadáver, e o filme, que não é didático, contribui para perpetuar a mensagem do Grande Pintor e do Grande Pajé Tupan Ará, Babaraúna Ponta-de-Lança Africano, Glória da Raça Brazyleira!
A descoberta poética do final do século será a materialização da Eternidade."


Di (Das) Mortes, GlauberRocha, texto mimeografado, distribuído na sessão do filme em 11 de março de 1977 na Cinemateca do MAM.


Fonte: TempoGlauber


Curiosidades

- A idéia do filme surgiu de uma proposta mútua de homenagens entre o artista plástico e o diretor: Di Cavalcanti teria dito que pintaria Glauber se o diretor morresse antes dele. E que gostaria que o amigo filmasse seus funerais, caso contrário.

- No dia 27 de outubro de 1976, Glauber, que havia acabado de vir da Europa, bateu à porta do fotógrafo Mário Carneiro chamando-o para registrar o velório de Di Cavalcanti.

- Teve uma primeira exibição em 11 de março de 1977, Cinemateca do MAM, Rio de Janeiro.

- O lançamento foi em 11 de junho de 1979, Rio de Janeiro (Roma-Bruni, Rio Sul, Bruni-Copacabana, Bruni-Tijuca).

- Músicas de Pixinguinha "Lamento", Villa-Lobos (trecho de Floresta do Amazonas), Paulinho da Viola, Lamartine Babo "O Teu Cabelo Não Nega", Jorge Ben.

- Locações no Museu de Arte Moderna, Cemitério São João Batista (Rio de Janeiro).

- Título original: Ninguém Assistirá Ao Enterro Da Tua Última Quimera, Somente A Ingratidão, Aquela Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável!, o título internacional é Di Cavalcanti e tambem é conhecido como Di-Glauber e Di Cavalcanti di Glauber.

; Textos de Vinícius de Morais (Balada do Di Cavalcanti), Augusto dos Anjos (trecho de Versos Íntimos), Frederico de Moraes (trecho de artigo sobre Di Cavalcanti), Edison Brenner (anúncio da morte de Di).

- Glauber Rocha finalizou seu filme, e no ano seguinte foi premiado no Festival de Cannes, cujo júri era presidido pelo cineasta Roberto Rosselini, amigo de Di Cavalcanti.

- A exibição do filme foi interditada pela justiça desde 1979, quando da conceção de liminar pela 7a. Vara Cível, ao mandado de segurança impetrado pela filha do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti.

- De acordo com uma reportagem publicada no jornal O Globo do dia 12 de junho de 1979, dia seguinte à proibição, Di chegou a passar nas sessões das 14h e 16h em alguns cinemas da cidade. Mas às 18h, o oficial de Justiça Walter Coelho Fanti e o advogado de Elizabeth Di Cavalcanti, Eduardo Mattar, chegaram ao cinema Rio Sul, onde haveria projeção com a presença de Glauber e convidados. As latas com o filme foram lacradas e recolhidas ao Museu da Imagem e do Som.

- Chegou a ser exibido duas vezes na televisão, na TVE do Rio, antes de sua proibição, e na Bandeirantes, num especial sobre o diretor, que foi ao ar depois de sua morte.

- Mais de 20 anos depois de ter sua exibição proibida através de uma liminar, o filme pode voltar a ser exibido. Não porque tenha sido liberado, enfim, pela Justiça. Mas simplesmente porque nunca esteve legalmente impedido. O advogado José Mauro Gnaspini defendeu uma tese de mestrado sobre direito autoral na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Segundo Gnaspini - que reconstituiu a ação a partir de fragmentos espalhados por escritórios de advocacia do Rio, pois o processo havia desaparecido do Arquivo Público da cidade - não existem fundamentos jurídicos para a interdição e o filme pode ser liberado, imediatamente, para exibições.

- O filme nunca chegou realmente a ser proibido. A ação ocorreu só contra a Embrafilme. Glauber, que tinha direito inalienável sobre a obra, não sofreu um processo.


Fonte: AdoroCinema

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Documentário sobre Bezerra da Silva

» Coruja

Assista aqui o documentário

Coruja
Gênero Documentário
Diretor
Márcia Derraik, Simplício Neto
Elenco
Bezerra da Silva e seus compositores
Ano 2001
Duração 15 min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Brasil


O filme mostra a relação de Bezerra da Silva com seus compositores, anônimos garimpados por ele "onde a coruja dorme", nos morros cariocas e na baixada fluminense. Daí surgem sambas feitos por trabalhadores, crônicas cáusticas mas bem-humoradas de gente simples que mora na favela e conta seu dia-a-dia nas músicas.


Ficha Técnica

Fotografia
Mauro Pinheiro Jr. Roteiro Márcia Derraik, Simplício Neto Edição Leonardo Domingues Som Direto Pedro Moreira, Pedro Moreira, Luis Eduardo "Boom", Luís Eduardo Boom Trilha original Bezerra da Silva


Prêmios

Melhor Curta - Júri Popular no Festival do Rio BR 2001
Melhor Curta - Prêmio da Crítica no Festival do Rio BR 2001Prêmio de roteiro Riofilme no Concurso de Roteiros RioFilme 1998
Melhor Curta no Festival de Cinema Brasileiro de Miami 2001
Melhor Documentário em Curta-metragem no Festival de Cuiabá 2001
Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado 2001
Troféu Cine Mambembe no Festival Internacional de Curtas de São Paulo 2001
Melhor Documentário no Vitória Cine Vídeo 2001Melhor Fotografia no Vitória Cine Vídeo 2001


Festivais

9º International Short Film Festival in Drama 2003
Festival de Cinema Luso-brasileiro de Santa Maria da Feira 2002
Festival de São Petersburgo 2002
Festival Internacional de Curtas Metragens de Bilbao 2002
Festival Internacional de Rotterdam 2002
Grande Prêmio Brasil de Cinema 2002Projeto Curta nas Telas 2002
Cine Ceará 2003Curta-se: Festival de Curtas-Metragens de Sergipe 2003
Festival de Curtas de Belo Horizonte 2001
Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - Curta Cinema 2001


Fonte: PortaCurtas

Deu na CartaCapital

Cultura
A madrinha do rap

por Pedro Alexandre Sanches

Os sambas mais engajados de Leci Brandão saem do anonimato e dialogam com a produção das novas gerações

Em 1974, ela era apadrinhada por Cartola. Nestes anos 2000, vê-se transformada numa madrinha simbólica de artistas como Mano Brown e Seu Jorge. “Mulher negra de origem humilde”, como gosta de se autodefinir, Leci Brandão puxou a Cartola no que diz respeito à lealdade ao samba, nos últimos 40 anos. Em tempos recentes, no entanto, parece mais próxima do que nunca dos rappers, pela atuação não só musical, mas também social e política, que ela exerce em letras de samba ou integrando o conselho da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, instituída pelo governo Lula.

O ponto de partida e o ponto de chegada convivem dentro dela, e hoje estão mais visíveis também para o público. A nem sempre lembrada ligação com Cartola, por exemplo, volta à tona na reedição em DVD, pela gravadora Trama, de um programa da série MPB Especial. Entrevistado e dirigido por Fernando Faro, Cartola cantava e apresentava uma moça de jeito tímido e inseguro, que batucava uma caixa de fósforos e, de quando em quando, cantava uns sambas que ela mesma havia feito. Era Leci Brandão.

“Nós dois éramos recém-contratados da (gravadora independente) Marcus Pereira, que transou o programa e shows que fizemos juntos pelo Brasil”, relembra a partida para uma carreira nacional, apoiada por um sambista de 66 anos, cujo nome, até então, nunca constara do topo de um disco. A própria Leci já compunha fazia uma década, primeiramente no anonimato e depois na Mangueira, onde seria descoberta pelo jornalista Sérgio Cabral.

“O pessoal gostava muito das minhas letras, porque eu era considerada pelos intelectuais da zona sul do Rio ‘a negrinha magrinha da Mangueira que faz música de protesto’”, evoca. Embora pertença à mesma geração de Chico Buarque, Elis Regina e Gilberto Gil, sua chegada ao cenário musical foi bem mais demorada. Enquanto eclodiam festivais de MPB e atos institucionais, ela trabalhava como telefonista, operária numa fábrica de cartuchos e auxiliar na Universidade Gama Filho, onde, agraciada com uma bolsa de estudos, viria a iniciar um curso de direito.

“Eu não era ligada a essa coisa de ditadura. Sabia que tinha havido uma revolução, tudo bem, que meu pai era bem da direita, gostava de Carlos Lacerda e tal. Uma das coisas que dona Paulina Gama Filho disse, quando me falou da bolsa, foi ‘nunca converse com meu pai, não deixe transparecer nada dessas suas idéias, porque lá eles são o inverso disso’.”

É que, mesmo sem entender o que acontecia, ela já era militante. “O protesto que eu fazia era o do cidadão que andava de trem, pobre, suburbano, negro. Fazia parte da minha vida, minha mãe era servente de escola, morei muitos anos em fundos de escola pública. Foi talvez por isso que, quando assinei contrato, fiz uma promessa a mim mesma de que ia fazer da minha arte uma forma de defender as pessoas, as comunidades, o meu povo.”

Compor protestos lhe causou dificuldades desde o início na Mangueira. Galgando desde 1971 a posição incomum de mulher com carteirinha da ala de compositores da escola, foi seis vezes finalista de concursos para escolher o samba-enredo anual. Não venceu nenhuma. Seria pelo fato de ser mulher? “Não sei. Não, acho que era porque minhas letras sempre tinham um recadinho político no meio.”

Exemplifica um desses “recadinhos” rejeitados: “Para um enredo chamado Coisas Nossas, escrevi eu sei, Brasil, que o mundo anda brigando pelas ruas/ mas as coisas que são suas vou mostrar nesta canção/ um índio amigo vive alertando, estão matando sua humana condição. O enredo tinha a ver com Petróleo, tinha a Petrobras por trás. E a minha letra não elogiava a Petrobras”.

Foi logo parar na multinacional PolyGram, em que seguiu sublinhando temas sociais até ser inscrita, pela gravadora, no festival MPB 80, da Globo, com Essa Tal Criatura. Ganhava projeção nacional pela primeira vez, mas os holofotes tiveram o efeito de ressaltar a veia de protesto. Apresentou sambas fortes como Zé do Caroço e Deixa, Deixa para o repertório de 1981, recusado pela PolyGram. “Pedi rescisão do contrato, e não conseguia mais gravadora. Fiquei cinco anos na geladeira.”

Os sambas de teores politizados só viriam à tona em 1985, pela gravadora nacional Copacabana, entre futuros clássicos do pagode “de raiz” como Isto É Fundo de Quintal e Papai Vadiou. E só seriam notados a partir de 2000, quando Zé do Caroço virou sucesso comercial com o grupo pagodeiro Revelação.

O samba que denuncia as condições precárias no Morro do Pau da Bandeira só chegou recentemente às classes mais intelectualizadas, pela voz de Seu Jorge, que, no trecho na hora que a televisão brasileira/ distrai toda gente com a sua novela, substituiu “distrai” por “destrói”. Leci aprova a provocação, mesmo sendo figura freqüente nas coberturas carnavalescas da Globo, como comentarista dos desfiles.

Ela sabe que ficou estigmatizada pelo hábito de narrar, ao vivo, os nomes de todos os membros das comunidades que vê passando pela telinha. Mas não arreda pé. “Sei que falam ‘lá vem a Leci Comunidade’ e que programas de tevê não me chamam porque acham que só falo disso. Mandavam cartas falando que sou uma chata que só fica falando nomes que ninguém quer saber, ou que eu não falava os nomes das celebridades que passavam. Mas desses não tinha que ser eu a falar. Por alguns segundos, na tevê, havia alguém tratando bem aquelas outras pessoas”, diz.

Cumprido o percurso até o ponto atual, há as recorrentes homenagens de rappers como Racionais e Rappin’ Hood a Leci, e também dela a eles (como em Pro Mano Brown, de 1999). Essas culminam agora no CD e DVD Canções Afirmativas, em que Leci canta com convidados como Alcione, Jorge Aragão, Paula Lima e... Mano Brown. O líder dos Racionais quis gravar outra das rejeitadas 30 anos atrás, Deixa, Deixa, cuja letra diz deixa ele curtir, deixa ele tocar e sapatear ou deixa ele escrever, deixa ele cantar, deixa discursar, para então concluir que é melhor do que ele sacar de uma arma pra nos matar.

É a idéia defendida hoje por movimentos e núcleos como hip-hop, funk carioca, Olodum, Timbalada ou AfroReggae, de que cultura e arte podem ser instrumentos para resgatar jovens periféricos da violência. Leci já falava nisso todo dia, desde quando avisava que está nascendo um novo líder no Morro do Pau da Bandeira. Sob seu canto quase silencioso, fermentavam-se vozes como as de Mano Brown e MV Bill, que hoje ela apóia com entusiasmo:

“Na ditadura, os compositores intelectuais faziam protesto, porque aquilo estava atingindo seus pares. Mas aconteceram e acontecem coisas bem piores no País e não vejo mais ninguém fazendo nada, a não ser a juventude negra que faz hip-hop. Tem gente que acha que música é para a gente se deleitar, mas acho que você não tem de ir ao público só para ele aplaudir, comprar seu CD, colocar você na parada”.

O ponto de partida, nota-se, é o de chegada: “Na condição de mulher negra de origem humilde, tenho de ser fiel aos meus referenciais. Se vou a rádio, tevê e jornal e tenho portas abertas para falar, por que não continuar batalhando contra o preconceito, pelo direito da mulher, pela igualdade racial?”

Esse é o projeto que ela cumpre até hoje, assinalando críticas à mídia “classe A” que simula não percebê-la, mas também formulando uma autocrítica a Leci Brandão: “Sei que estou um pouco diferente daquela Leci dos anos 80. Eu era mais dura, incisiva. Estava tendo muita complicação para conseguir entrar, então o que fiz? Passei a cantar as mesmas coisas que cantava, mas com o rosto mais suave, com mais sutileza, com mais sorriso. E passei a atingir muito mais gente”.

Coincidência ou não, é um processo que Cartola (1908-1980) não teve tempo de conhecer, e é o aprendizado vivido por Mano Brown, MV Bill, Nega Gizza, Negra Li, Seu Jorge e outros cantores de protesto (e de festa). Dona Leci está bem ali, pairando entre pagodes paulistas, bois-bumbá paraenses, afro-reggaes baianos e as rampas do Planalto Central do Brasil.
Fonte: CartaCapital

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Almanaque Brasil em Creative Commons



Logotipo criado pelo artista gráfico Elifas Andreato

por Mariana Albanese

Em 1938, à frente do departamento municipal de cultura de São Paulo, Mário de Andrade idealizou uma Missão de Pesquisas Folclóricas, que tinha por objetivo "mostrar o Brasil aos brasileiros". Ela partiu do Porto de Santos em direção ao nordeste, e por seis meses registrou nossas músicas tradicionais, que corriam o risco de desaparecer. O material colhido pode ser visto e ouvido no Centro Cultural São Paulo. Pode-se dizer que o Almanaque Brasil é uma espécie de Missão. Revista distribuída nos vôos da TAM, em abril ela completará oito anos de existência como armazém da nossa cultura popular.

No Almanaque escrevemos sobre questões brasileiras, apuradas a partir de livros, sites e conhecimentos de outros brasileiros. Logo, não podemos negar a ninguém o direito de fazer o mesmo utilizando nossa publicação, tampouco de reproduzir nossos textos. A idéia de “propriedade particular, não entre”, já estava há muito descartada. Por exemplo: jamais puniríamos uma professora se descobríssemos que ela xerocou Almanaques para seus alunos. Mas era preciso oficializar essa posição, e foi o que fizemos em novembro. Desde então, o seguinte aviso pode ser lido em nosso expediente:

O Almanaque Brasil está sob licença Creative Commons. A cópia e reprodução de seu conteúdo são autorizadas para uso não-comercial, desde que dado o devido crédito à publicação e aos autores. Não estão incluídas nessa licença obras de terceiros. Para reprodução com fins comerciais, entre em contato com a Andreato Comunicação e Cultura.

Fonte: OverMundo

sábado, 20 de janeiro de 2007

CD Criado e Liberado pela Galera do EstúdioLivre


por criscabello

Música de Ponto é uma coletânea de músicas produzidas durante oficinas realizadas pela Cultura Digital juntamente com os Pontos de Cultura entre 2005 e 2006. Esta é uma pequena amostra do trabalho com a diversidade cultural, apropriação das ferramentas de comunicação e fortalecimento de uma rede autônoma entre diversos pontos do Brasil.


Todas as faixas foram produzidas coletivamente em software livre e estão licenciadas em Creative Commons. Você pode baixar, copiar, remixar e redistribuir estas músicas livremente.

Softwares utilizados: Ardour, Jack, Alsa, Hydrogen, Zynaddsubfx, PD, e outros...Muitas outras músicas foram produzidas nesses encontros e a seleção para este CD foi difícil e subjetiva, como qualquer seleção.

Veja as páginas das oficinas para obter para mais informações, ver e baixar vídeos, fotos e outras músicas produzidas nestes Encontros.Produzido por: Cristiano Scabello, Christian Osyo, Renato Cortez e Suriam

Capa: Roberto Winter

Fonte: OverMundo

Documentário mostra trajetória dos 103 anos de Barbosa Lima Sobrinho


"Cidadão do Brasil" é o documentário sobre a vida do jornalista, escritor e político, dirigido por Fernando Barbosa Lima, seu filho.


Da Agência Carta Maior




O 110º aniversário de nascimento de Barbosa Lima Sobrinho será comemorado com a exibição de um documentário biográfico, dirigido por Fernando Barbosa Lima, seu filho. O ilustre jornalista nasceu em 22 de janeiro de 1897 e morreu em 16 de julho de 2000.

Os conflitos e instabilidades políticas do século XX são o pano de fundo do documentário que apresenta a trajetória de vida do jornalista, escritor e político Barbosa Lima Sobrinho. Em um passeio pela História recente do Brasil, a produção relembra os 103 anos de vida do pernambucano, que teve atuação marcante em episódios decisivos para os rumos políticos tomados pelo país.

Formado pela Faculdade de Direito do Recife, Barbosa Lima Sobrinho não tardou a descobrir sua paixão pela jornalismo. Ainda na cidade natal, colaborou com o Diário de Pernambuco e o Jornal do Recife, entre outros órgãos de imprensa. Com a chegada ao Rio de Janeiro, em 1921, integrou o quadro de repórteres do Jornal do Brasil, empresa para a qual trabalhou por mais de 80 anos. Sempre preocupado com os problemas brasileiros, entrou para a vida política em 1935, quando foi eleito deputado federal. A partir daí, dedicou sua carreira à defesa dos interesses nacionais, ressaltando a importância da reforma agrária e da criação da Petrobras – questões que pautaram textos incisivos, publicados freqüentemente em sua coluna no JB.

Nos conturbados anos da Ditadura Militar, o jornalista transformou a ABI – órgão que presidiu por diversas vezes – em uma trincheira na luta pelos direitos humanos. Sua atuação em favor da liberdade de expressão, aliada aos mais de 5000 artigos que escreveu, valeram-lhe o título de “Jornalista do Século”, concedido pela Revista Imprensa. Para mobilizar a sociedade civil, Barbosa Lima Sobrinho e o amigo Ulysses Guimarães – que lançaram “anticandidaturas” à eleição de 1974 – aventuraram-se em uma excursão pelo Brasil, em defesa da restauração do Estado de Direito. À alegria das eleições diretas, seguiu-se a decepção do governo Collor, e Sobrinho foi escolhido para assinar o impeachment do presidente.

Na década de 90, a militância política do jornalista foi mais forte do que o desgaste físico causado pela idade e Barbosa Lima Sobrinho continuou a defender os ideais nacionalistas nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso. As críticas às privatizações das empresas estatais só cessaram em 2000, quando o político não resistiu ao peso de 103 anos de vida.

Dirigido por Fernando Barbosa Lima, filho do jornalista, o documentário Barbosa Lima Sobrinho - Cidadão do Brasil, apresentado pelo Canal Brasil e pela TV Cultura, conta com apresentação da atriz Fernanda Montenegro. Participações do político em entrevistas e programas de televisão formam um rico panorama das idéias que defendeu durante a vida. Depoimentos de amigos e parceiros de trabalho, como os políticos Miguel Arraes, Leonel Brizola e Mário Covas, os escritores Zuenir Ventura e Antônio Houaiss, os jornalistas Ancelmo Gois, Hélio Fernandes e Milton Temer, além da esposa de Barbosa Lima Sobrinho, dona Maria José.

Serviço:
CANAL BRASIL
Segunda-feira, 22 de janeiro, às 18h30
terça-feira, 23 de janeiro, às 10h

TV CULTURA
terça-feira, 23 de janeiro, às 20h

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Francisco Petrônio morre aos 83 anos em São Paulo


Cantor, "a voz de veludo do Brasil", estava com infecção abdominal

SÃO PAULO - Morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 83 anos, no Hospital Santa Paula, Francisco Petrônio, "a voz de veludo do Brasil". O cantor estava internado desde domingo por causa de uma infecção abdominal. Petrônio será velado a partir das 11 horas no cemitério do Araçá.

Francisco Petrônio, nascido em São Paulo, gravou 54 discos. O mais recente, No Palco com Francisco Petrônio, foi lançado em maio de 2005. Ele ficou famoso interpretando o bolero Agora, mas estourou com a canção Baile da Saudade, lançada em 1964. Outros sucessos foram Castiguei e Segredo.

O cantor também trabalhou na televisão. Em 1966, criou o programa Baile da Saudade, na Rede Globo, aproveitando a boa receptividade da música que levava o mesmo nome. Passou depois por muitas outras emissoras, como Bandeirantes, Record, Cultura e Gazeta.

Fonte: Estadão


Ouça aqui canções interpretadas Francisco Petrônio

Fascinação
Noche de Ronda
O Grande Baile da Saudade

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Poesias de Glauber Rocha




Poema do Amor

Tudo talvez se defina
na conspiração
da poesya e
da infecção,
estou no começo da vida
mas não sei se a saúde resiste
o mundo profetiza guerra global
e corta o mistério da existência
nos projetando nos braços vitais
revolucionando o prazer, essência.
Junho, 1981.


Mestre de Minas

Drumond me aprendo
Removendo pedras em Roma
Subo escadas
Tropeço
Telefono necessidades
Dou Peço
Outros continentes me esperam
Há tempo para plantar colher
Anarquizar pelo plantão inesperado
Cair
Erguer
O tempo é pouco pra tamanha paixão
A máquina do mundo não me pega
Ganhei perdi meu dia
Despedi sorrindo a velha agonia.

Roma, 8 de setembro de 1973


1 9 2 2

meu povo é triste
de pau perado
é um povo mole
de zés perado

meu povo é doce
malandro sensual
é um povo gostoso
dançarino musical

meu povo é mestiço
linguarudo fofoqueiro
é um povo inteligente,
ignorante e condoreiro

meu povo é grande
no litoral e sertão
é um povo ah! meu povo
é povo revolução

Havana, setembro de 1972.


Desejo

Queria você profundamente aberta
Num beijapaixonado sem memória e futuro

Queria
prazer desintegrado no infinitamor de nossos corpos desconhecidos

Queria um rio negro
como branco
contando a Vytoria
De uma tragycomedia morta

Queria o maramoroso
De tua pele viva
E a poesia da madrugada

Borges para ouvir

*por Sérgio Rodrigues

O site da Harvard University Press oferece gratuitamente
arquivos de áudio com trechos de duas das seis palestras proferidas na universidade americana por Jorge Luis Borges em 1967-68, no ciclo Norton Lectures, sob o título This craft of verse. Para melhor temperar o acepipe, a HUP avisa que só recentemente as gravações foram descobertas nos arquivos da universidade. A qualidade do som é muito boa.

Ali podemos constatar tanto o conhecido talento dramático do escritor argentino, com seu histrionismo contido, quanto um surpreendente – em autor famoso por sua anglofilia – sotaque carregado. Em resumo: imperdível para borgianos e divertido para curiosos em geral.

Quem se interessar pelo áudio completo das palestras pode comprar o CD no próprio site. As conferências de Borges no ciclo Norton foram publicadas no Brasil como “Esse ofício do verso” (Companhia das Letras, 2000).

Via El Boomeran(g).
*do Blog Todoprosa http://todoprosa.nominimo.com.br

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

I Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos "Entre Todos"

O evento, aberto a realizadores profissionais, iniciantes e amadores, difunde os direitos humanos no âmbito cultural. O Festival de curtas-metragens é promovido pela Comissão Municipal de Direitos Humanos, órgão da Prefeitura de São Paulo. A iniciativa inédita objetiva difundir e refletir sobre direitos fundamentais da pessoa mediante a produção audiovisual. Para isso são propostos seis blocos temáticos: "Origem e Deslocamentos", "Mundo Interior", "TecnoCultura", "Núcleos e Nichos", "Cotidiano" e "O Lugar do Corpo". Serão selecionados 30 curtas-metragens, proporcionalmente distribuídos nas categorias citadas com duração de no máximo 15 minutos. A premiação em dinheiro será concedida para três trabalhos. O júri é composto pela cineasta Ana Carolina (presidente), do advogado ligado à área de direitos humanos Eduardo Szazi e do diretor do SescSP, Danilo Santos de Miranda, entre outros. Na organização do Festival "Entre Todos", a Comissão Municipal de Direitos Humanos é assessorada pela FespSP - Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Como parte da filosofia do Festival "Entre Todos" serão promovidos debates relacionados aos seis blocos temáticos. Simultaneamente, ações culturais ligadas a dança, música, circo entre outras farão parte de uma mostra paralela. Ocorrerão também projeções itinerantes por toda a cidade de São Paulo.

Inscrições: até 30/3 pelo site www.entretodos.com.br. A seleção será feita a partir de cópias dos trabalhos em VHS ou DVD, sendo aceitos trabalhos realizados originalmente em qualquer formato incluindo vídeos feitos por câmeras em celulares e câmeras digitais, e em película 16 mm e 35 mm. Mais informações pelo tel.: 11 3106-0030 e e-mail xcontrera@prefeitura.sp.gov.br.

pesquisa: Bruno Terribas e Thiago Domenici (seção Para Ler)
Fonte: CarosAmigos

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Cassete Caranguejo

A nossa fita K7 vai tocar nos próximos dias somente bandas e artistas pernambucanos. O fervilhão cultural pernambucano está aqui representado por uma pequena diversidade de estilos frente ao gigantesco panorama musical que este estado possui. Abaixo a lista de bandas com suas respectivas canções que tocarão aqui no blog. As músicas serão executadas de forma aleatória.

Chico Science e Nação Zumbi -

Mormaço - diversas versões

Cordel do Fogo Encantado -

Tlank!
O Sinal Ficou Verde
Pedra e Bala
Ela Disse Assim


Jorge Cabeleira -

Mormaço
Rock do Diabo


Lenine -

Relampiano

Mestre Ambrósio -

Esperança (na mata eu tenho)
Semen
Usina
Chama Maria
Trupe (queima carvão)
Pé-de-calçada


Mombojó -

O mais Vendido
Realismo Convincente


Mundo Livre S/A -

O outro mundo de Chicão Xucuru
Dogville, Coleiras e Bombeiros
Musa da Ilha Grande
Caiu a Ficha
Laura Bush tem um Senhor Problema
Carnaval Inesquecível na Cidade Alta
Rios, Pontes e Overdrives


Otto -

Dias de Janeiro

Sheik Tosado -

"Baiao de Viramundo: Tribute to Luiz Gonzaga - Assum Preto"

PROGRAMAÇÃO QUARTA-FEIRA
CANAL BRASIL





Filme Milton Santos - Por Uma Outra Globalização
O filme tem como base uma entrevista gravada pouco antes da morte de Milton Santos, há 5 anos, quando deixou um pensamento vivo e um grande número de admiradores.O geógrafo discorre sobre a globalização, fala de sua trajetória e aborda a resistência, o poder dos pobres e, acima de tudo, a esperança.
Quarta, 17/01 às 20h00

Curta na Tela Amar...
Os desencontros amorosos de um grupo de amigos é o tema central. Uma cadeia de paixões não correspondidas, como no poema "José que amava Maria, que amava Pedro...". A fala final de João Camargo é adaptada de versos do poema de Carlos Drumond de Andrade "Amar-amaro".
Quarta, 17/01 às 21h30

Todas as Mulheres do Mundo Domingos e Cristiana Grumbach
Depois de 15 anos trabalhando com cinema, Cristiana Grumbach estreou na direção com o documentário "Morro da Conceição". No bate-papo com Domingos Oliveira, a cineasta fala da experiência de trabalhar com Eduardo Coutinho e diz que só faz um filme quando precisa lidar com o assunto levado às telas.
Quarta, 17/01 às 22h00

Cantos Gerais Canto do Boal, O
Cantos Gerais
Quarta, 17/01 às 22h30

Cineclube O Chamado de Deus, por Sérgio Rezende
Ilustres convidados apresentam ao público suas produções brasileiras preferidas.
Quarta, 17/01 às 22h35

Cineclube Chamado de Deus, O
Contando com depoimentos de jovens religiosos e dos padres Marcelo Rossi e Zeca, o filme busca esclarecer o que leva as pessoas a dedicaram suas vidas à Igreja. Análise acerca das "missas-show" como uma técnica para expandir a fé e considerações sobre a classificação dos padres como "marketeiros."
Quarta, 17/01 às 22h36

Como Era Gostoso Sexo e Sangue
Raimunda é uma prostituta que faz ponto em Copacabana. Certo dia, um grupo de jovens de classe alta resolve passar o fim de semana numa ilha próxima ao RJ e contrata Raimunda e duas amigas. Neste mesmo fim de semana, presos fogem do cárcere da Ilha Grande e aportam na ilha onde estão os jovens.
Quinta, 18/01 às 00h30

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Leia na CartaCapital


Cultura
A MPB sem censura
por Pedro Alexandre Sanches

Os usuários do YouTube expõem raridades que as tevês costumam esconder


Se na década de 90 a pirataria monopolizou as preocupações da indústria fonográfica mundial, neste início dos 2000 a distribuição desenfreada de imagens via internet é que se espalha irremediavelmente, afetando em especial as redes de televisão, de modo análogo ao que já vinha acontecendo com as gravadoras. O YouTube (www.youtube.com), líder entre os sites de compartilhamento livre e gratuito de vídeos, é a bola da vez no Brasil, onde uma liminar obtida, na quarta-feira 3, pelos advogados de Daniela Cicarelli determinou que seja bloqueado definitivamente no site o acesso a imagens em que a apresentadora aparece supostamente fazendo sexo com o namorado numa praia.

A medida parece ser de difícil aplicabilidade prática, já que usuários do site têm republicado constantemente o vídeo de Cicarelli, e ajuda a deslocar o foco para temas como a invasão de privacidade e o círculo vicioso das celebridades. Enquanto isso, numa linha paralela a essa, os subterrâneos do YouTube ocultam um debate mais próprio ao mundo da cultura, mas também limítrofe entre a arte e a contravenção, entre os avanços culturais e o crime.

É que rapidamente o site vem se tornando um acervo monumental de imagens raras (e às vezes semi-inéditas), que contam, por elas próprias, a história da música popular. No Brasil, de Noel Rosa tocando com o Bando dos Tangarás na década de 1930 ao rap de protesto dos Racionais MC’s no fim do século XX, tudo parece estar traduzido em imagem e som no YouTube.

Além de resgatar momentos de valor histórico inestimável, como cenas de Carmen Miranda em Hollywood ou do advento dos músicos tropicalistas nos festivais da canção do fim dos anos 60, a rede abriga, também, flagrantes às vezes constrangedores, mas que ajudam a entender lados obscuros da personalidade de seus ídolos, muitas vezes escamoteada pela mídia tradicional.

Exemplo admirável pode ser encontrado digitando os termos “João Gilberto” no campo de busca do YouTube. Ali aparecerá, entre muitas outras, a imagem raríssima do artista, ainda desconhecido, tocando violão em acompanhamento à cantora Elizeth Cardoso, antes da eclosão da bossa nova. Mas aparecerá também o contraponto do gênio, em cenas impagáveis em que ele briga abertamente com o público, chegando a abandonar o show numa delas. “Não faz que eu vou embora, hein?”, e “este ‘uh’ aí é um idiota que está fazendo”, reage o artista baiano a supostas vaias numa apresentação em Salvador.

Do mesmo quilate são cenas em que Raul Seixas se apresenta bêbado para estudantes ou dá entrevista na tevê, após ter sido preso num show, por ser supostamente um sósia, e não o “verdadeiro” Raul. A grande Aracy de Almeida também aparece, mas não na condição de cantora preferida de Noel Rosa, e sim na de jurada do programa de calouros de Silvio Santos.

A questão YouTube é delicada no que diz respeito às redes de tevê, das quais vem sendo captada clandestinamente uma infinidade de cenas antológicas, que até há pouco eram propriedade exclusiva da Rede Globo e congêneres. Apenas digitando as palavras-chave adequadas, tem-se acesso imediato a cenas preciosas: o compositor Sérgio Ricardo quebrando o violão num festival da canção da Record; um encontro televisivo hoje semi-esquecido entre Gal Costa e Elis Regina, pouco antes da morte desta; imagens da Bandeirantes focalizando a comunidade hippie dos Novos Baianos, no início dos anos 70; a aparição dos jovens da geração roqueira dos 80 no programa do Chacrinha, na Globo; e assim por diante.

“As pessoas aproveitam-se da melhor qualidade da televisão aberta, que é acessível e gratuita. O sinal está disponível para todo mundo, basta reproduzir”, afirma Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação. A rede sofre o assédio ininterrupto da “cultura YouTube”: pouco depois de sua exibição na última semana de 2006, um especial sobre a vida de Elis Regina já era encontrado no site, na íntegra. É que qualquer espectador pode gravar a cena que quiser da tevê e transferir sem qualquer dificuldade ao YouTube, compartilhando-a assim com o resto do planeta.

Erlanger afasta uma suspeita que sempre rondou a indústria fonográfica, de que parte dos vazamentos piratas acontecesse de dentro das próprias empresas: “Não sou especialista em roubo de imagem, mas nas reuniões onde o tema é tratado isso nunca foi cogitado. Por que correr riscos, se pode ser gravado do ar?” A rede é lacônica quanto à possibilidade de tentar coibir a circulação, a exemplo do que fez Cicarelli, que, aliás, também move ações análogas contra as Organizações Globo e o iG. “No caso da internet, há dificuldades técnicas maiores de controle de material, mas estamos estudando quais medidas podem ser adotadas”, diz.

Ainda tomando contato com essa nova realidade, as tevês a princípio adotam retórica semelhante à que a indústria fonográfica usou por anos a fio ao se queixar da pirataria. Erlanger argumenta que a difusão não autorizada de imagens prejudica economicamente não apenas as empresas, mas também os diretores, os técnicos e os próprios artistas.

É faca de dois gumes, pois o YouTube tem potencial para beneficiar artistas tanto quanto lesá-los. A empresária carioca Adriana Pittigliani, por exemplo, tem propagandeado por esse método as turnês que artistas de funk carioca, como o DJ Sany Pittbul, fazem pela Europa e que, de outro modo, permaneceriam no anonimato na terra natal. “Para nós, do Carioca Funk Clube, isso cria uma corrente espontânea que está conseguindo mostrar o funk, que sempre esteve lá e ninguém via, já que a mídia tradicional ainda está digerindo mal a mesma velha história que se ouvia nas rádios”, diz ela.

A ferramenta serve ao funk, mas serve ao samba também, como explica o produtor José Luiz Soares, dono do Villaggio Café, em São Paulo, pelo qual tem passado toda a nata do samba. “Em shows no bar, já flagrei espectadores, namoradas, fãs e produtores filmando, discretamente, determinadas apresentações com pequenas câmeras digitais. A finalidade é colocar o artista desconhecido na rede mundial, via YouTube. Criativo e barato, não? Penso que isso seja uma tendência irreversível, que vai abalar fortemente a mídia tradicional. Aliás, já está abalando”, opina Soares.

Foi pensando nisso que ele colocou um telão em seu bar, no qual exibe, entre outras imagens, as raridades musicais do YouTube. Entre os seus prediletos, estão os conflitos entre João Gilberto e os fãs e cenas da vanguarda paulistana no Festival dos Festivais de 1985, da Globo. Passam por ali de imagens raras de Gonzaguinha a trechos do espetáculo mais recente de Chico Buarque.

É que, se o sistema de gravação artesanal por câmera digital ou celular auxilia artistas novos e desconhecidos, também se debruça, democraticamente, sobre os já consolidados. O histórico show da volta dos Mutantes, em Londres, por exemplo, caiu no YouTube instantaneamente, meses antes que a multinacional Sony BMG cogitasse lançá-lo em CD e DVD.

No fio da navalha entre o trabalho institucional e a pirataria encontra-se, enfim, o protagonista deste novo momento, o YouTube. Criado em 2005 por dois jovens na faixa dos 20 anos, o site foi comprado há dois meses pelo Google, pelo valor fabuloso de 1,65 bilhão de dólares. E procura se cercar juridicamente, enquanto dribla o esvaziamento já vivido por sites de compartilhamento gratuito de música, combatidos ferozmente pelas multinacionais que detêm os direitos dos fonogramas mais populares.

Nos termos de uso e nas definições de políticas de privacidade do site, afirma-se que o YouTube respeita rigorosamente as leis de copyright e se compromete a excluir os vídeos que as desrespeitem. Também recebe e acata denúncias sobre conteúdos inapropriados (de pornografia, por exemplo). Assim é que, apesar do desagrado de Daniela Cicarelli, tem se empenhado em retirar de suas listas o célebre vídeo da praia.

O problema é que, do outro lado da tela, estão mais de 100 milhões de usuários diários, alguns dos quais sempre dispostos a inserir de volta as imagens. Contra essa nova realidade, nem a Globo, nem gravadoras, nem muitos medalhões pop se animaram ainda a lutar. Enquanto isso, cresce desordenadamente o volume de fofoca, mas também o de cultura em circulação na grande rede.



O som fora do baú
A gravadora da Globo tira o atraso e reedita trilhas sonoras raras de novellas

Enquanto algumas das imagens mais ricas da tevê brasileira circulam clandestinamente na internet, a Rede Globo desperta tardiamente para o acervo musical também monumental de sua gravadora, a Som Livre. Após várias reedições de peso ao longo do ano, encerrou 2006 com uma nova série Som Livre Masters, que recupera em CD 32 trilhas sonoras originais de novelas, seriados e especiais infantis, lançadas originalmente entre 1971 e 1993.


Tais trilhas costumam sempre vir entupidas de comercialismo e técnicas de massificação, mas acabam por ocultar nas entrelinhas de sua diversidade o fio da história musical do País. Isso pode ser verificado pelo distanciamento com que se ouvem hoje as trilhas do início dos anos 70, predominantes no novo pacote. Naquela primeira fase da Globo, destacavam-se trilhas compostas sob encomenda por alguns dos autores mais expressivos da época.

Aparecem em CD aqui, pela primeira vez, trilhas assinadas pelos virtuosos Baden Powell e Paulo César Pinheiro (O Semideus, de 1973), pelos roqueiros transgressores Raul Seixas e Paulo Coelho (O Rebu, idem), pelos líderes populares Roberto e Erasmo Carlos (O Bofe, 1972), pelos afiados sambistas ditos “cafonas” Antonio Carlos & Jocafi (O Primeiro Amor, idem), pelos irmãos híbridos populares-eruditos Paulo Sérgio e Marcos Valle (Os Ossos do Barão, 1973) etc. Outro momento histórico, só agora resgatado, é o da experiência feminista do seriado Malu Mulher, numa trilha que incluía nove em cada dez cantoras de ponta da MPB de 1979.

Ao chegar só agora com mais força ao filão da restauração de acervo, a gravadora da Globo repete o atraso histórico de toda a indústria fonográfica, que esperou seu relicário se transferir à internet e aos CDs piratas para só então se interessar por ele de modo mais sério e constante. Ironicamente, o início dessa fase de maior esmero da Som Livre com seu passado é simultâneo à explosão da tevê via YouTube, o que faz pensar quanto tempo Globo, Record, Band, SBT, Cultura etc. esperarão para modernizar de modo sistemático seus baús de preciosidades.

Tal atitude certamente não domaria a pirataria, mas seria um modo de trabalhar em parceria com a evolução dos formatos, e não em oposição a eles. Num cenário de guerra e incompreensão, não é à toa que são aqueles que as grandes empresas repudiam como “piratas” “criminosos” os que acabam fazendo o trabalho cultural e histórico que lhes caberia, mas que elas parecem pouco interessadas em promover.
Fonte: CartaCapital

TV Câmara procura curtas pra exibição

A TV Câmara está ampliando seu acervo de curtas-metragens para exibição na emissora e procura a indicação de diretores (ou produtores) de curtas-metragens ou documentaristas que queiram exibir sua produção (filmes/vídeos atuais ou antigos) na TV Câmara, emissora da Câmara dos Deputados.

Os custos de sedex e fitas serão pagos pela TV Câmara, além da possibilidade dos diretores (que estiverem em Brasília) serem entrevistados no estúdio da TV, com divulgação na programação da emissora.

Maiores informações com Joana Praia, pelos telefones (61) 3216-1622/3216-1628 ou pelo e-mail curtasnatv@camara.gov.br

Fonte: PortaCurtas

PROGRAMAÇÃO TERÇA-FEIRA

Filme Festa de Margarette, A
O operário Pedro divide um barraco de um cômodo com outra família e sonha realizar uma grande festa de aniversário para sua esposa, Margarette. Contudo ele perde o emprego e não conta a verdade para ela, para os filhos e sogra. Ele passa a projetar o sonho de que as coisas poderiam ser diferentes.
Terça, 16/01 às 20h00

Sem Frescura Peréio e Tavinho Paes
A irreverência de Tavinho Paes dá a tônica do bate-papo entre o escritor e Paulo César Peréio. Com mais de 200 canções gravadas, o poeta e compositor revela os bastidores do mundo da música, discute os prós e contras da pirataria e aponta o rumo político que o Brasil pode tomar depois das eleições.
Terça, 16/01 às 22h00

Cantos Gerais Canto de Mautner, O
Cantos Gerais
Terça, 16/01 às 22h30

É Tudo Verdade Velho Chico + Pampas, por Amir Labaki
O crítico de cinema Amir Labaki analisa os melhores documentários nacionais.
Terça, 16/01 às 22h35

É Tudo Verdade Velho Chico, Santo Rio
Pelas curvas do rio São Francisco, histórias de sofrimento e esperança misturam-se à força das águas que desafiam a aridez do sertão nordestino. A vida das comunidades ribeirinhas é o foco do documentário, considerado o exemplo mais claro de experimentação poética no universo do telejornalismo.
Terça, 16/01 às 22h38

É Tudo Verdade Pampas Segundo Érico Veríssimo, Os
Uma viagem pelas paisagens gaúchas, guiada pelo texto de Érico Veríssimo e narrada por Mário Lago. Em um de seus últimos depoimentos, o escritor exalta a paixão por sua terra natal: "Sou apaixonado pelo Rio Grande, sem nenhum prejuízo ao meu grande amor pelo Brasil, pela sua gente e sua paisagem."
Terça, 16/01 às 23h20

Como Era Gostoso Melhores Momentos da Pornochanchada, Os
O filme apresenta, em três episódios, histórias divertidas e sensuais com Nadir Fernandes, Yara Stein, Lady Francisco e Sandra Barsotti, sob direção de Victor di Mello e Lenine Ottoni.
Quarta, 17/01 às 00h30

Filme Amarelo Manga
Guiados pela paixão, os personagens penetram num universo feito de armadilhas e vinganças, de desejos irrealizáveis, da busca incessante pela felicidade. O universo aqui é o da vida-satélite e dos tipos que giram em torno de órbitas próprias, colorindo a vida de um amarelo hepático e pulsante.
Quarta, 17/01 às 02h00

sábado, 13 de janeiro de 2007

Cafuné transgride a forma de lançar filmes no Brasil


O primeiro longa-metragem de Bruno Vianna, CAFUNÉ trata de jovens de origens sociais distintas que estão iniciando a vida adulta na conturbada cidade do Rio de Janeiro. A história coloca lado a lado jovens que, apesar do abismo social que os separa, têm em comum a falta de perspectiva profissional e pessoal, vítimas de uma comunidade cuja decadência econômica é motor da violência física e moral.

A desigualdade social é abordada, mas não é o tema central. O filme traça uma interseção entre as camadas baixa e alta, através da observação do cotidiano dessa juventude no que ela tem de mais banal. CAFUNÉ aponta o declínio da classe média como fator que também gera violência, que a torna vítima e agressora. Mostra seu medo diário da cidade e sua visão da favela, que é um misto de fascínio e mistério, ódio e paternalismo.
Fonte: Site Oficial do Filme


Cafuné é bom. No cinema e em casa

Este é um filme diferente: no mesmo dia em que foi lançado nas salas de exibição de cinema, era também oficialmente disponibilizado no site Overmundo e nas redes p2p de compartilhamento de arquivos. Assim veio ao público Cafuné, o primeiro longa-metragem do cineasta Bruno Vianna, conhecido e premiado por seus curtas.

Estreando no circuito de cinemas, o diretor apostou em iniciativas ousadas e inovadoras para distribuir seu filme. Além de utilizar as redes tradicionais e virtuais, Vianna licenciou o filme em Creative Commons (a licença que autoriza a sociedade a utilizar a obra de acordo com condições pré-estabelecidas, nesse caso, uso não-comercial, afastando a idéia de "pirataria"). Mais do que isso, jogou, nas salas e na web dois finais diferentes e conclamou internautas a criarem novos desfechos para a obra, abrindo alas para a expressão criativa dos espectadores. Inaugurou, assim, um novo caminho para o cinema brasileiro.

Fonte: http://creativecommons.org.br

Cafuné completo para Download

Assista o Trailer de Cafuné

Baixe o Filme Completo em duas Versões: Assista e Edite

Faça um Cafuné

O Cafuné tem duas versões disponíveis para download: uma de 73 minutos, mais adequada para baixar e só assistir ao filme, e uma de 91 minutos, com mais material, indicada para quem quer editar o filme.

Para Download
Para fazer download do Cafuné, você precisa de um programa de compartilhamento peer-to-peer, como o eMule (
http://prdownloads.sourceforge.net/emule/eMule0.47a-Installer.exe ), o bitTorrent (http://www.utorrent.com/download.php) ou mesmo o Soulseek (http://www.slsknet.org/download.html). Cada um tem suas vantagens e desvantagens: o torrent é mais rápido, mas só funciona bem quando muitas pessoas estão baixando o mesmo arquivo (pra baixar o Cafuné, por exemplo, nas primeiras semanas). O eMule funciona bem mesmo com pouca gente compartilhando o filme. E o soulseek é o mais primitivo, que mantivemos somente porque ainda é muito popular no Brasil.

Alguns outros programas, como o Shareaza (http://www.shareaza.com/?id=download), permitem que você faça download em todas as redes acima ao mesmo tempo. É o que usamos para distribuir o Cafuné e é também uma ótima opção, ainda que mais complicada.

Uma vez instalado o programa, siga a tabelinha ao lado para escolher sua versão e fazer o download:
No eMule e no shareaza, você pode escolher pesquisar e procurar por Cafune (sem acento). Essa opção não existe no torrent.

Clique aqui para baixar Cafuné


Para assistir
Uma vez com o arquivo no seu computador, você pode assistir no monitor ou criar um CD de vídeo para assistir no seu aparelho de DVD.

Se o seu aparelho de DVD aceita arquivos mpg, basta criar um CD com o arquivo que você baixou. Caso contrário, verifique se o seu aparelho aceita VCDs, que é um dos formatos mais universais para aparelhos de DVD. Caso aceite, você deve usar um programa como o Nero, de gravação de VCDs, e escolher a opção de gravar um VCD, escolhendo o arquivo que você baixou como arquivo de vídeo.

Para editar
Existem alguns programas de edição disponíveis na Internet que são freeware. O Windows XP também já vem com um editor incluído, que é o Windows Movie Maker. Em breve aqui estaremos disponibilizando uma lista de editores gratuitos ou não, e instruções mais detalhadas para edição.

Fonte: www.cafuneofilme.com.br

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz

Não passou
Carlos Drummond de Andrade

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão- a tua mão, nossas mãos-
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.

YouTube x Cicarelli

Os EUA tem graves defeitos que todos conhecemos, só que lá ninguém derruba o YouTube.

"Manhattan Connection" discute caso YouTube-Cicarelli neste domingo
da Folha Online

Neste domingo (14), a partir das 23h, o programa "Manhattan Connection" (GNT) discute o bloqueio temporário do site YouTube devido ao vídeo de Daniella Cicarelli com o namorado em uma praia espanhola. A atração, apresentada por Lucas Mendes, Caio Blinder, Lúcia Guimarães, Ricardo Amorim e Diogo Mainardi, ouviu Tim Wu, especialista em direitos autorais, professor da Universidade de Columbia em Nova York e co-autor do livro "Quem Controla a Internet".Ele afirma não ter se surpreendido com a controvérsia. "Os EUA têm leis fracas de proteção à privacidade. Em países como o Brasil, a França e a Alemanha, o modelo de negócio do YouTube vai enfrentar problemas. O Brasil foi o primeiro mas não acredito que seja o último", disse Wu a Lúcia Guimarães.O "Manhattan Connection" pode ser visto também na madrugada de domingo para segunda às 4h30, às segundas às 10h, 15h e 22h30, e nas madrugadas de segunda para terça, às 4h.

Tom & Marina

Este vídeo não está nas melhores condições, porém, vale o registro deste encontro: Marina Lima e Tom Jobim. A inusitada dupla interpreta "Lígia". Reparem que Marina quase se perde quando o genial Tom, com o perdão do trocadilho, muda de tom e entoa seus clássicos "ôôô, rêêê, riii, rááá, rêêê..."