quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Poesias de Glauber Rocha




Poema do Amor

Tudo talvez se defina
na conspiração
da poesya e
da infecção,
estou no começo da vida
mas não sei se a saúde resiste
o mundo profetiza guerra global
e corta o mistério da existência
nos projetando nos braços vitais
revolucionando o prazer, essência.
Junho, 1981.


Mestre de Minas

Drumond me aprendo
Removendo pedras em Roma
Subo escadas
Tropeço
Telefono necessidades
Dou Peço
Outros continentes me esperam
Há tempo para plantar colher
Anarquizar pelo plantão inesperado
Cair
Erguer
O tempo é pouco pra tamanha paixão
A máquina do mundo não me pega
Ganhei perdi meu dia
Despedi sorrindo a velha agonia.

Roma, 8 de setembro de 1973


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meu povo é triste
de pau perado
é um povo mole
de zés perado

meu povo é doce
malandro sensual
é um povo gostoso
dançarino musical

meu povo é mestiço
linguarudo fofoqueiro
é um povo inteligente,
ignorante e condoreiro

meu povo é grande
no litoral e sertão
é um povo ah! meu povo
é povo revolução

Havana, setembro de 1972.


Desejo

Queria você profundamente aberta
Num beijapaixonado sem memória e futuro

Queria
prazer desintegrado no infinitamor de nossos corpos desconhecidos

Queria um rio negro
como branco
contando a Vytoria
De uma tragycomedia morta

Queria o maramoroso
De tua pele viva
E a poesia da madrugada

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