sábado, 8 de setembro de 2007

Música e Poesia de Alice Ruiz

Abaixo um pouco da poetisa, escritora, cantora e compositora, Alice Ruiz.

Alice Ruiz (Curitiba, 22 de janeiro de 1946) é uma poetisa e escritora brasileira.
Começou a escrever na adolescência, mas durante muitos anos divulgou seus poemas apenas em revistas e jornais. Publicou seu primeiro livro aos 34 anos de idade. Foi casada com o também poeta Paulo Leminski (leia poesias de Paulo Leminski aqui), com quem teve três filhos: Miguel Ângelo Leminski, Áurea Alice Leminski e Estrela Ruiz Leminski. (Wikipédia - a enciclopédia livre)


Ladainha
(Alzira Espíndola, Estrela Ruiz Leminski e Alice Ruiz)
Poesia: Alice Ruiz

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era uma vez uma mulher
que via um futuro grandioso
para cada homem que a tocava
um dia
ela se tocou...

Eu pensava que o amor
me faria uma rainha
e quando você chegasse
não seria mais sozinha

você chega da gandaia
só pensando numazinha
seu amor é pouca palha
para minha fogueirinha

o que você jogou fora
é para poucos
o meu mal foi jogar
pérolas aos porcos

eu não sou da sua laia
não quero sua ladainha
pra ser mal acompanhada
prefiro ficar na minha

voz em poema: Alice Ruiz


Socorro
(Alice Ruiz)
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socorro, eu não estou sentindo nada.
nem medo, nem calor, nem fogo,
n ão vai dar mais pra chorar
nem pra rir.

socorro, alguma alma, mesmo que penada,
me empreste suas penas.
já não sinto amor nem dor,
já não sinto nada.

socorro, alguém me dê um coração,
que esse já não bate nem apanha.
por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.

socorro, alguma rua que me dê sentido,
em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.

voz: Alice Ruiz


Alguma coisa em mim
(Alzira Espíndola e Alice Ruiz)
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alguma coisa em mim
ainda vai longe
alguma coisa em mim
não vai dar pé
alguma coisa em mim
parece que foi ontem
alguma coisa em mim
quer acontecer
alguma coisa em mim
não é mais minha
alguma coisa em mim
saiu da linha
alguma coisa em mim
não disse a que veio
alguma coisa em mim
acerta em cheio
alguma coisa em mim
não tá na cara
alguma coisa em mim
não tá com nada
alguma coisa em mim
não dá desconto
alguma coisa em mim
eu nem te conto
alguma coisa em mim
não tem mais fim

violão e voz: Alzira Espíndola


Para elas
(Alzira Espíndola e Alice Ruiz)
Poesia: Alice Ruiz
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amor que se dedica
amor que não se explica
até quando se vai
parece que ainda fica
olhando você sair
sabendo que vai cair
deixar que saia
deixar que caia

por mais que vá sofrer
é o jeito de aprender
e o teu caminho
só você vai percorrer
se você vence, eu venço
se você perde, eu perco
e nada posso fazer
só deixar você viver

enchemos a vida
de filhos
que nos enchem a vida

um me enche de lembranças
que me enchem
de lágrimas

outro me enche de alegrias
que enchem minhas noites
de dias

outro me enche de esperanças
e receios
enquanto me incham
os seios


amor que se dedica
amor que não se explica
até quando se vai
parece que ainda fica
olhando você sair
sabendo que vai cair
deixar que saia
deixar que caia

por mais que vá sofrer
é o jeito de aprender
e o teu caminho
só você vai percorrer
se você vence, eu venço
se você perde, eu perco
e nada posso fazer
só deixar você viver

só olhar você sofrer
só olhar você aprender
só olhar você crescer
só olhar você amar
só olhar você...

voz em poema e vocal: Alice Ruiz



Alice Ruiz nasceu em Curitiba, PR, em 22 de janeiro de 1946.

Começou a escrever contos com 9 anos de idade, e versos aos 16. Foi "poeta de gaveta" até os 26 anos, quando publicou, em revistas e jornais culturais, alguns poemas. Mas só lançou seu primeiro livro aos 34 anos.

Aos 22 anos casou com Paulo Leminski e pela primeira vez, mostrou a alguém o que escrevia. Surpreso, Leminski comentou que ela escrevia haikais, termo que até então Alice não conhecia. Mas encantou-se com a forma poética japonesa, passando então estudar com profundidade o haicai e seus poetas, tendo traduzido quatro livros de autores e autoras japonesas, nos anos 1980.

Teve três filhos com o poeta: Miguel Ângelo Leminski, Áurea Alice Leminski e Estrela Ruiz Leminski. Estrela também é uma grande poeta: acabou de lançar um livro, junto com o Yuuka de Alice: Cupido: Cuspido e Escarrado (ambos saíram pela Editora AMEOP, de Porto Alegre) - provando que, filha de duas feras, essa Estrela tem luz própria.

Alice publicou, até agora, 15 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil.


Compõe letras desde os 26 anos - a primeira parceria foi uma brincadeira com Leminski, que se chamou "Nóis Fumo" e só foi gravada em 2004, por Mário Gallera. A poeta tem mais de 50 músicas gravadas por parceiros e intérpretes. Está lançando, em 2005, seu primeiro CD, o Paralelas, em parceria com Alzira Espíndola, pela Duncan Discos, com as participações especialíssimas de Zélia Duncan e Arnaldo Antunes.

Antes da publicação de seu primeiro livro, Navalhanaliga, em dezembro de 1980, já havia escrito textos feministas, no início dos anos 1970 e editado algumas revistas, além de textos publicitários e roteiros de histórias em quadrinhos. Alguns de seus primeiros poemas foram publicados somente em 1984, quando lançou Pelos Pêlos pela Brasiliense. Já ganhou vários prêmios, incluindo o Jabuti de Poesia, de 1989, pelo livro Vice Versos.

Já participou do projeto Arte Postal, pela Arte Pau Brasil; da Exposição Transcriar - Poemas em Vídeo Texto, no III Encontro de Semiótica, em 1985, SP; do Poesia em Out-Door, Arte na Rua II, SP, em 1984; Poesia em Out-Door, 100 anos da Av. Paulista, em 1991; da XVII Bienal, arte em Vídeo Texto e também integrou o júri de 8 encontros nacionais de haikai, em São Paulo.

por Carô Murgel para o saite oficial de Alice Ruiz

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