sexta-feira, 23 de março de 2007

Paulo Leminski, poemas do livro Polonaises



vão é tudo
que não for prazer
repartido prazer
entre parceiros

vãs
todas as coisas que vão


°



enchantagem


de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo

esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito

pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar

tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece
verdade

o pau na vida
o vinagre
vinho suave

pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade


°


tão
alta
a
torre

até
seu
tombo
virou
lenda


°



deus
algum
indu
ogum
vishnu
precisa
da tua prece

tua pressa
pessoa
só teu pulso
acelera

você padece
padecer
te resta

tudo
um belo dia
desaparece


°

Leia breve biografia de Paulo Leminski

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