Leia toda inquietude de Jards Macalé nesta entrevista concedida há um ano atrás ao site Gafieiras.
Da música pra fora
por Dafne Sampaio
Parecia mentira, coisa de 1º de abril, mas era a mais pura verdade. Jards Macalé iria fazer dois shows no Villaggio Café, sexta e sábado e, conseqüentemente, ficaria alguns dias em São Paulo. Combinamos então com Zé Luiz Soares, proprietário do Villaggio, de falar com o homem antes do almoço do sábado. Tudo certinho para mais uma entrevista do Gafieiras. Verdade verdadeira em um ensolarado 1º de abril de 2006.
O local escolhido foi o lendário Bar das Batidas (ou Cu do Padre, para os íntimos), mas Jards ficou somente na água e nos aperitivos. A equipe Gafieiras, por outro lado, entornou algumas cervejas porque o meio-dia estava quente e era necessário molhar a garganta para falar com um dos artistas mais originais e inquietos da música popular brasileira. Em tempos de adolescência universitária a descoberta de Jards Macalé serviu como catalisador para uma vida adulta mais saudável com seu romantismo meio louco, sua ironia afiada e uma mistura muito pessoal de tradição e modernidade. Por estas e outras identificações sempre foi difícil entender o rótulo de maldito que o persegue até os dias de hoje, mais de 35 anos depois de sua estréia profissional. Coisa de jornalista preguiçoso? Coisa de gravadora mal-intencionada? Vai saber.
Felizmente desde 1998 Jards vem conseguindo lançar um disco a cada dois anos e seu nome é constantemente mencionado por artistas novos como referência. Jards Macalé, por sua vez, não quer nem saber se o pato é macho, ele quer é ovo. Ou melhor, música. Músicas. Das que fazem sorrir, amar, sofrer e pensar. Nada malditas ou difíceis, pois Jards não é assim. No meio da entrevista um dos freqüentadores do bar passou por nossa mesa em direção ao banheiro, reconheceu Jards e muito paulistanamente soltou um berro, "Urra! É o Macalé!". O autor de "Vapor barato" e "Rua Real Grandeza" não disfarçou um sorriso de orgulho pelo reconhecimento, mas a ironia falou mais alto e logo disparou, "Prazer, Paulo Silvino!" (detalhe, o comediante já declarou algumas vezes que ficou com pelo menos duas mulheres que acharam que ele era Jards). Gargalhada geral.
A entrevista seguiu até onde a fome de Jards permitiu. Ainda queria tirar uma soneca à tarde, antes do show. Após as fotos ao pé da cinzenta Igreja de Nossa Senhora de Montserrat, em Pinheiros, o circo gafieirístico se desfez e o homem foi lá almoçar. Do nosso lado a fome havia desaparecido, talvez por causa da cerveja, talvez pela agitação, mas mesmo com a barriga vazia e a cabeça cheia estávamos todos certos de uma coisa, uma coisa pelo menos: vale a pena ser poeta.
parte 01. Ficava surpreso como o Itamar conseguia fazer tanta música
parte 02. Quem tem Barão não tem que lamber saco de Rolling Stones
parte 03. São os músicos quem bancam esse delírio
parte 04. Nas Dunas da Gal ficavam todos os doidos possíveis
parte 05. Somos todos presos políticos
parte 06. Só porque belisquei a bundinha de uma menininha...
parte 07. Briguei com um dos maiores torturadores
parte 08. Abri a TV para saber de onde saíam aquelas pessoas
parte 09. Fui expulso do Municipal pelo meu próprio pai
parte 10. Qual é o nome da sua manicure?
parte 11. Foi o que o João Gilberto me ensinou nesse dia
parte 12. Vou à falência quase todo dia
parte 13. Como carioca, achei o projeto do JK uma merda!
parte 14. Tizuka, pelo amor de Deus, me mate!
parte 15. A bossa nova não existe. O que existe é samba
parte 16. Não vou ao meu próprio enterro
parte 17. O violoncelo é uma mulher completa
parte 18. Fui copista da Orquestra Sinfônica Brasileira
parte 19. A gente não vai comer, não?
Entrevista e Foto: Dafne Sampaio
Fonte: Gafieiras
segunda-feira, 26 de março de 2007
Confira a Entrevista que Jards Macalé deu ao Gafieiras
Postado por Música e Poesia BR às 14:18
Marcadores: Entrevista
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