sábado, 27 de setembro de 2008

O Suicida e o Computador, conto de Luis Fernando Veríssimo

Conto O Suicida e o Computador, de Luis Fernando Veríssimo, fragmento extraído do livro homônimo.

O Suicida e o Computador

Depois de fazer o laço da forca e colocar uma cadeira embaixo, o escritor sentou-se atrás da sua mesa de trabalho, ligou o computador e digitou:

"No fundo, no fundo, os escritores passam o tempo todo redigindo a sua nota de suicida. Os que se suicidam mesmo são os que a terminam mais cedo."

Levantou-se, subiu na cadeira sob a forca e colocou a forca no pescoço. Depois retirou a forca do pescoço, desceu da cadeira, voltou ao computador e apagou o segundo "no fundo". Ficava mais enxuto. Mais categórico. Releu a nota e achou que estava curta. Pensou um pouco, depois acrescentou:

"Há os que se suicidam antes de escapar da terrível agonia de encontrar um final para a nota. O suicidio substitui o final. O suicídio é o final."

Levantou-se, subiu na cadeira, colocou a forca no pescoço e ficou pensando. Lembrou-se de uma frase de Borges. Encaixa, pensou, retirando a corda do pescoço, descendo da cadeira e voltando ao computador. Digitou:

"Borges disse que o escritor publica seus livros para livrar-se deles, senão passaria o resto da vida reescrevendo-os. O suicídio substitui a publicação. O suicídio é a publicação. No caso, o livro livra-se do escritor."

Levantou-se, subiu na cadeira, mas desceu da cadeira antes de colocar a forca no pescoço. Lembrara-se de outra coisa. Voltou ao computador e, entre o penúltimo e o último parágrafo, inseriu:

"Há escritores que escrevem um grande livro, ou uma grande nota de suicida, e depois nunca mais conseguem escrever outro. Atribuem a um bloqueio, ao medo do fracasso. Não é nada disso. É que escreveram a nota, mas esqueceram-se de se suicidar. Passam o resto da vida sabendo que faltou alguma coisa na sua obra e não sabendo o que é. Faltou o suicídio."

Levantou-se, ficou olhando a tela do computador, depois sentou-se de novo. Digitou:

"No fundo, no fundo, a agonia é saber quando se terminou. Há os que não sabem quando chegaram ao final da sua nota de suicida. Geralmente, são escritores de uma obra extensa. A crítica elogia sua prolixidade, a sua experimentação com formas diversas. Não sabe que ele não consegue é terminar a nota."

Desta vez não se levantou. Ficou olhando para a tela, pensando. Depois acrescentou:

"É claro que o computador agravou a agonia. Talvez uma nota de suicida definitiva só possa ser manuscrita ou datilografada à moda antiga, quando o medo de borrar o papel com correções e deixar uma impressão de desleixo para a posteridade leva o autor a ser preciso e sucinto. Tese: é impossível escrever uma nota de suicida num computador."

Era isso ? Ele releu o que tinha escrito. Apagou o segundo "no fundo". Era isso. Por via das dúvidas, guardou o texto na memória do computador. No dia seguinte o revisaria.

E foi dormir.



Dica
Assista aqui o curta-metragem A Nota, baseado no conto O Suicida e o Computador, de Luis Fernando Veríssimo.


Confira também
Condomínio, belo texto de Luis Fernando Veríssimo
Racismo, Crônica de Verissimo
Paulo Autran Interpreta Veríssimo e Drummond
Veríssimo é sempre bom
Crônica do Veríssimo
O Regresso do Analista de Bagé
Paulo Autran Interpreta Fernando Pessoa e Luis Fernando Veríssimo

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Poesias de Manuel Bandeira

Alguns poemas de Manuel Bandeira.

Testamento

O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros — perdi-os...
Tive amores — esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.

Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.

Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.

Criou-me, desde eu menino
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!

Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!

(29 de janeiro de 1943)

Poesia extraída do livro "Antologia Poética - Manuel Bandeira", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 2001, pág. 126.


Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90


Carta-Poema

Excelentíssimo Prefeito
Senhor Hildebrando de Góis,
Permiti que, rendido o preito
A que fazeis jus por quem sois,

Um poeta já sexagenário,
Que não tem outra aspiração
Senão viver de seu salário
Na sua limpa solidão,

Peça vistoria e visita
A este pátio para onde dá
O apartamento que ele habita
No Castelo há dois anos já.

É um pátio, mas é via pública,
E estando ainda por calçar,
Faz a vergonha da República
Junto à Avenida Beira-Mar!

Indiferentes ao capricho
Das posturas municipais,
A ele jogam todo o seu lixo
Os moradores sem quintais.

Que imundície! Tripas de peixe,
Cascas de fruta e ovo, papéis...
Não é natural que me queixe?
Meu Prefeito, vinde e vereis!

Quando chove, o chão vira lama:
São atoleiros, lodaçais,
Que disputam a palma à fama
Das velhas maremas letais!

A um distinto amigo europeu
Disse eu: — Não é no Paraguai
Que fica o Grande Chaco, este é o
Grande Chaco! Senão, olhai!

Excelentíssimo Prefeito
Hildebrando Araújo de Góis
A quem humilde rendo preito,
Por serdes vós, senhor, quem sois!

Mandai calçar a via pública
Que, sendo um vasto lagamar,
Faz a vergonha da República
Junto à Avenida Beira-Mar!

Poema extraído do livro "Manuel Bandeira - Antologia Poética", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 2001, pág. 221.


O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


Rio, 27 de dezembro de 1947


Minha grande ternura

Minha grande ternura
Pelos passarinhos mortos;
Pelas pequeninas aranhas.

Minha grande ternura
Pelas mulheres que foram meninas bonitas
E ficaram mulheres feias;
Pelas mulheres que foram desejáveis
E deixaram de o ser.
Pelas mulheres que me amaram
E que eu não pude amar.

Minha grande ternura
Pelos poemas que
Não consegui realizar.

Minha grande ternura
Pelas amadas que
Envelheceram sem maldade.

Minha grande ternura
Pelas gotas de orvalho que
São o único enfeite de um túmulo.


O inútil luar

É noite. A Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia . . .
Dormem as sombras na alameda
Ao longo do ermo Piabanha.
E dele um ruído vem de seda
Que se amarfanha . . .

No largo, sob os jambolanos,
Procuro a sombra embalsamada.
(Noite, consolo dos humanos!
Sombra sagrada!)

Um velho senta-se ao meu lado.
Medita. Há no seu rosto uma ânsia . . .
Talvez se lembre aqui, coitado!
De sua infância.

Ei-lo que saca de um papel . . .
Dobra-o direito, ajusta as pontas,
E pensativo, a olhar o anel,
Faz umas contas . . .

Com outro moço que se cala,
Fala um de compleição raquítica.
Presto atenção ao que ele fala:
— É de política.

Adiante uma senhora magra,
Em ampla charpa que a modela,
Lembra uma estátua de Tanagra.
E, junto dela,

Outra a entretém, a conversar:
— "Mamãe não avisou se vinha.
Se ela vier, mando matar
Uma galinha."

E embalde a Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia . . .


A morte absoluta

Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.


Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.



Fonte poemas "Testamento", "Vou-me Embora pra Pasárgada" e "Carta-Poema": Releituras

Fonte poemas "O bicho", "Minha grande ternura", "O inútil luar", "A morte absoluta" e "Arte de amar": Jornal de Poesia

Análise sobre o Projeto de Lei sobre Crimes Eletrônicos

Análise do CTS/FGV sobre o Projeto de Lei sobre Crimes Eletrônicos

O Centro de Tecnologia e Sociedade elaborou análise sobre o Projeto de Lei de Crimes Eletrônicos (PL 84/99) em tramitação na Câmara dos Deputados. A análise foi apresentada durante reunião realizada na Câmara dos Deputados com líderes do Governo e a Sociedade Civil.

O Projeto de Lei foi elaborado com o objetivo de tipificar condutas realizadas através da Internet, tais como estelionato eletrônico, disseminação de vírus e o acesso não autorizado a redes de computadores. No entanto, seu texto apresenta diversos problemas e tipifica condutas habituais e até mesmo triviais na Internet, como por exemplo como desbloquear um aparelho celular - atividade permitida pela Anatel - ou um aparelho de DVD para assistir a um filme comprado no exterior. Sua adoção tem o potencial de criminalizar milhões de usuários da Internet brasileira, além de inviabilizar a implantação de redes abertas no país. A análise feita pelos professores do CTS/FGV aborda principalmente questões de política criminal, demonstrando a desproporcionalidade das regras, bem como os efeitos danosos que a aprovação do projeto pode ocasionar.

A íntegra do estudo pode ser visualizado aqui.

Fonte: CulturaLivre

O sítio Cultura Livre está sob uma licença Creative Commons

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Preciso de ajuda, por favor me acuda

Em 1969 Roberto Carlos gravou As Curvas da Estrada de Santos, música composta em parceria com Erasmo Carlos. No ano seguinte, Elis Regina conferiu sua força na interpretação que deu a mesma canção de Roberto e Erasmo. Elis gravou As Curvas da Estrada de Santos no LP ...Em Pleno Verão. Abaixo ambas versões pra ouvir.

As Curvas da Estrada de Santos - Roberto Carlos



As Curvas da Estrada de Santos - Elis Regina

As curvas da estrada de Santos (1969)
Roberto Carlos / Erasmo Carlos


Se você pretende saber quem eu sou
Eu posso lhe dizer
Entre no meu carro na Estrada de Santos
E você vai me conhecer
Você vai pensar que eu
Não gosto nem mesmo de mim
E que na minha idade
Só a velocidade anda junto a mim

Só ando sozinho e no meu caminho
O tempo é cada vez menor
Preciso de ajuda, por favor me acuda
Eu vivo muito só

Se acaso numa curva
Eu me lembro do meu mundo
Eu piso mais fundo, corrijo num segundo
Não posso parar

Eu prefiro as curvas da Estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive e vi pelo espelho
Na distância se perder

Mas se amor que eu perdi
Eu novamente encontrar, oh
As curvas se acabam e na Estrada de Santos
Não vou mais passar
Não, não vou mais passar, oh

Eu prefiro as curvas da Estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive e vi pelo espelho
Na distância se perder

Mas se amor que eu perdi
Eu novamente encontrar, oh, oh
As curvas se acabam e na Estrada de Santos
Eu não vou mais passar
Não, não, não, não, não, não

Na Estrada de Santos as curvas se acabam
E eu não vou mais passar
Não, não, não,
Oh , na Estrada de Santos as curvas se acabam

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Contos de Machado de Assis pra Baixar

Como já fora dito aqui no Música&Poesia, 2008 é o ano do centenário da morte de Machado de Assis. Sua valiosa e vasta obra é inteiramente de domínio público. Pois aqui vai uma série de contos deste gênio disponível para download.

A coletânea reúne os seguintes contos:
A Cartomante
Entre Santos
Uns Braços
Um Homem Célebre
A Desejada das Gentes
A Causa Secreta
Trio em Lá Menor
Adão e Eva
O Enfermeiro
O Diplomático
Mariana
Conto de Escola
Um Apólogo
D. Paula
Viver!
O Cônego ou Metafísica do Estilo



Fonte: DomínioPúblico


Confira também:
Livro de Machado de Assis completo pra Baixar
Biografia de Machado de Assis
Um Apólogo, conto de Machado de Assis
Conto Completo de Machado de Assis pra Baixar

domingo, 14 de setembro de 2008

Música Latino-Americana - Bolívia

Aqui vai uma homenagem aos nossos irmãos bolivianos que vivem um momento turbulento em seu país. Na Bolívia, um dos países mais pobres da América do Sul, mais de 70% da população é de origem indígena, porém, desde sua independência, em 1825, nunca havia tido um presidente que também fosse de origem indígena. Nos últimos dias a elite reacionária tem promovido atos para desestabilizar o governo de Evo Morales, ao que tudo indica, estes são os prenúncios de uma tentativa de golpe de Estado. Todos nós, latino-americanos, já vivemos os resultados desastrosos destes golpes, sabemos das conseqüências que acompanham este atentado a democracia. Fica aqui a torcida para que eles encontrem aquilo que dá nome a sua capital, e que o povo seja sempre soberano.

Para celebrar a vitória popular, um pouco de música. O Música&Poesia apresenta alguns videoclipes dos bolivianos do duo Negro y Blanco. A dupla é formada por Christian Alexandro Benítez Ugarteche e Mario Luís Ramírez Ballivián, ambos músicos e compositores nascidos em La Paz. Juntos desde 1999, já possuem mais de nove discos lançados. Um dos últimos, com o sugestivo nome Pirata (2005), é uma antologia que contém canções de toda a discografia do Negro y Blanco. E, segundo o saite oficial da dupla, neste álbum o "título, desenho e conteúdo do disco se baseiam no conceito de um disco de edição pirata, com apresentação simples, erros intencionais no desenho das capas e contém, ademais das 16 músicas em áudio normal, 26 canções no formato mp3 como bonus tracks", além de três inéditas. Várias das quais podem ser baixadas livremente no sítio do Negro y Blanco.

Baixe aqui as canções de Pirata, Negro y Blanco


Píntame Bolivia - Negro y Blanco

Píntame Bolivia, primeira faixa de Pirata (2005), foi escrita por Christian Benítez em 1993.

PINTAME BOLIVIA
Christian Benítez

Píntame amarillo, píntame de verde,
píntame de rojo soy Bolivia y su gente.
Cúbreme de espuma, báñame de mar
y mira como me hago el perdido Litoral.

Porque Bolivia es el trabajo y la esperanza de crecer,
son los niños, son los campos, es lo que hagas tu nacer.
Si es que crees en mi canto hazte Bolivia tu también
y ven a unir conmigo tu esperanza y tu fe.

Riégame de lluvia, siémbrame semillas,
y mira como crecen en mí los campos de Bolivia.
Búscame en la mina o en la selva virgen
y en la cumbre andina hazte parte de mi origen.

Porque Bolivia es el trabajo y la esperanza de crecer
son los niños, son los campos, es lo que hagas tu nacer,
Si es que crees en mi canto hazte Bolivia tu también
y ven a unir conmigo tu esperanza y tu fe.

Porque Bolivia es el trabajo y la esperanza de crecer
son los niños, son los campos es lo que hagas tu nacer,
Si es que crees en mi canto hazte Bolivia tu también
y ven a unir conmigo tu esperanza y tu fe.

Píntame amarillo, píntame de verde,
píntame de rojo soy Bolivia y su gente.


Madre Tierra - Negro y Blanco

A dupla Negro y Blanco é engajada nas questões sociais e ambientais. Desenvolvem várias campanhas e projetos, inclusive, apoiados pelo Unicef.

MADRE TIERRA
(Christian Benítez Ugarteche / Mario Ramírez Ballivián)

Hoy camino y miro el campo
que los abuelos tiernamente nos legaron
y donde estaba el río claro
ahora se encuentra una acuarela
de cicatrices de deshechos olvidados

¿A dónde irán
si "hacemos" como que nunca miramos?
¿Qué pasará
si no escuchamos Madre Tierra
lo que nos piden tus praderas?

Mira por allí,
siembra por allá.
Mezcla tus raíces con las mías,
hazte vida humanidad.

Y siembra el porvenir
y mira al caminar
hazte viento, bosque, primavera
y semilla por sembrar
humanidad.

Hoy las calles van sangrando
alcantarillas mal heridas por mis manos.
Y la ciudad agonizando
pide a sus hijos una tregua
pues en descuido el desamor la está matando.

¿A dónde irán
nuestras familias cuando el aire este manchado?
¿Qué pasará
si no escuchamos Madre Tierra
lo que nos piden tus aceras?

Mira por allí,
cuida por allá
mezcla tus rincones con los míos,
hazte vida-humanidad.

Y cuida el porvenir
y mira al caminar
hazte parque, esquina, callejuela
y futuro por cuidar
humanidad.


Comparte - Negro y Blanco

Videoclipe da canção Comparte do dúo Negro y Blanco, traz como protagonistas dezenas de bonecos.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Veja Programa sobre Antropofagia na Cultura Brasileira

No dia cinco de março deste ano, foi ao ar no programa Starte, da GloboNews, uma matéria muito interessante sobre o Manifesto Antropófago. Oswald de Andrade, inspirado pelo Abaporu, de Tarsila do Amaral, publicou o manifesto em maio de 1928. Assista a seguir o programa completo.

De uma obra de Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade publicou um manifesto que se tornaria ícone da cultura brasileira e antropofágica. Depois, Mário de Andrade aderiu ao movimento com a obra Macunaíma. (fonte:
Starte)

Antropofagia na Cultura Brasileira



Abaporu vem de 'aba' e 'poru' e significa o mesmo que Antropofagia, que vem do grego antropos (homem) e fagia (comer), ou seja, "homem que come", em tupi-guarani. Foi pintado em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral para dar de presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. (fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre)


Confira também
Tarsila do Amaral - Curiosidades e Textos
Tarsila do Amaral - Vida e Obra

sábado, 6 de setembro de 2008

Vídeos com Waldick Soriano

Fazem parte da coletânea no reprodutor abaixo os seguintes vídeos:

1. Paixão de um Homem, Waldick interpreta a canção num de seus shows
2. Você Mudou Demais, com Waldick Soriano e Cláudia Barroso
3. Waldick Soriano no programa Buzina do Chacrinha (Rede Globo), em 1972
4. Perfume de Gardênia, com Waldick Soriano
5. Eu vou ter Sempre Você
6. O Dia em que Waldick Soriano foi à Sucupira, trecho da série O Bem-Amado com participação do cantor
7. Show de Waldick Soriano no Sucupirão, do seriado O Bem-Amado

Waldick Soriano - Diversos Vídeos


Waldick Soriano em entrevista com Marília Gabriela

Polêmica entrevista concedida por Waldick Soriano ao extinto programa TV Mulher.



Confira também:
Morre Waldick Soriano
Waldick Soriano, legítimo representante da Música Popular Brasileira
Bandas de rock prestam tributo ao brega

Morre Waldick Soriano

Nesta última quinta-feira (04/09), faleceu o cantor e compositor Waldick Soriano. Acompanhe notícia publicada pela Agência Brasil.

Cantor Waldick Soriano morre no Rio de Janeiro

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O cantor e compositor Waldick Soriano, 75 anos, morreu na madrugada de hoje (4), vítima de complicações de câncer na próstata. O artista estava internado no Hospital do Câncer 4, em Vila Isabel, na zona norte do Rio, desde a noite de domingo (31), mas lutava contra o câncer há pelo menos dois anos.

O velório do cantor está sendo realizado na Câmara dos Vereadores. O sepultamento está marcado para amanhã (5), no Cemitério do Caju.

Eurípedes Waldick Soriano nasceu em 1933, em Caetité, no interior da Bahia. Sua carreira começou na década de 50, em São Paulo.

Conhecido como ícone da música brega brasileira, Waldick Soriano ficou famoso com músicas como “Torturas de amor” e “Eu não sou cachorro, não”.

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, lamentou a morte do cantor. “Waldick Soriano é um personagem importante no imaginário da música brasileira. É uma pessoa da cultura popular brasileira que não pode ser subestimada”, afirmou o ministro lembrando que, recentemente, o cantor foi tema de um documentário. “Foi um personagem com singularidades importantes e muito querido por muitos brasileiros.”

Colaborou Ivan Richard


Fonte: AgênciaBrasil


Eu não sou Cachorro, não - Waldick Soriano


Eu Nao Sou Cachorro, Não
Waldick Soriano


Eu não sou cachorro, não
Pra viver tão humilhado
Eu não sou cachorro, não
Para ser tão desprezado

Tu não sabes compreender
Quem te ama, quem te adora
Tu só sabes maltratar-me
E por isso eu vou embora.

A pior coisa do mundo
É amar sendo enganado
Quem despreza um grande amor
Não merece ser feliz, nem tão pouco ser amado

Tu devias compreender
Que por ti, tenho paixão
Pelo nosso amor, pelo amor de Deus
Eu não sou cachorro, não

Livro de Machado de Assis completo pra Baixar

O ano de 2008 marca o centenário da morte de Machado de Assis, o maior escritor brasileiro de todos os tempos. Toda sua obra é de domínio público, e a internet é o meio adequado pra encontrar este vasto material. O melhor lugar pra baixar os livros de Machado de Assis ― além de possuir o maior acervo de arquivos de texto, áudio e vídeo que já não possuem limitações por conta de direitos autorais ― é o sítio Domínio Público. É de lá que o Música&Poesia dispõe agora o livro Memorial de Aires, escrito por Machado de Assis em 1908, mesmo ano de sua morte.

Primeira edição de Memorial de Aires
Memorial de Aires

Memorial de Aires é o último romance escrito por Machado de Assis, publicado no mesmo ano de sua morte, 1908. Ele está organizado como uma série de entradas em um diário e, como Memórias Póstumas de Brás Cubas, não tem um enredo único, mas se compõe de vários episódios e anedotas que se interpermeiam.

Aires era um conselheiro que sempre acompanhou Machado em suas histórias, geralmente como um amigo dos personagens. Reportava à figura do próprio Machado. Nesta obra idolatra uma mulher D.Carmo que muitos dizem ser sua Carolina, talvez seja pela coincidência dos nomes Aguiar e Assis, e D. Carmo e Carolina.Talvez também pelo fato do casal não terem filhos. Dizem que essa obra é uma alto biografia. (fonte:
Wikipédia, a enciclopédia livre.)

Baixe aqui Memorial de Aires completo


Trecho

9 de janeiro

Ora bem, faz hoje um ano que voltei definitivamente da Europa. O que me lembrou esta data foi, estando a beber café, o pregão de um vendedor de vassouras e espanadores: "Vai vassouras! vai espanadores!" Costumo ouvi-lo outras manhãs, mas desta vez trouxe-me à memória o dia do desembarque, quando cheguei aposentado à minha terra, ao meu Catete, à minha língua. Era o mesmo que ouvi há um ano, em 1887, e talvez fosse a mesma boca.


Retirado de:
Assis, Machado de. Memorial de Aires. (fonte:
Wikipédia, a enciclopédia livre.)


Fonte Livro: DomínioPúblico