quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Waldick Soriano, legítimo representante da Música Popular Brasileira

Não sou cafona, não
por Pedro Alexandre Sanches

Censurado pela ditadura e até hoje desprezado pela MPB, Waldick Soriano é cultuado em DVD dirigido por Patrícia Pillar

Pelo visual altivo, o homem no palco parece um sambista carioca de raiz, um garboso cantor norte-americano de blues ou um nobre membro da velha guarda musical cubana. Mas, não, ele é Waldick Soriano, expoente da música rotulada como “cafona” na década de 70 ou “brega” dos anos 80 em diante.Eu não Sou Cachorro, não (1972) tem a obra reavaliada pelas mãos de uma moça da “fina flor”, a atriz Patrícia Pillar. Na companhia de Waldick, ela torna-se diretora de um show recém-lançado em CD e DVD e de um documentário que deve ser finalizado até o início de 2008.

A eles somou-se um produtor ligado à MPB, José Milton, que recrutou uma orquestra formada por músicos de naipe para a gravação em Fortaleza, Ceará, onde mora o cantor. “Ele é um cantor de verdade, um cara popular, que está aí, vivo, chiquérrimo, muito bem-arrumado. Aquele cara sabe das coisas”, elogia José Milton.

A produção esmerada e o apuro musical contrastam com a imagem pública fixada em torno do jeitão abrutalhado, dos boleros derramados e da fala desbocada de Waldick, nascido em Caetité, no sertão da Bahia. “Ele é um doce. Criou o lado bruto para sobreviver. Não é mole, o cara foi lavrador, garimpeiro. Em São Paulo, foi engraxate, faxineiro, servente de pedreiro”, resume Patrícia, que se declara fã desde a infância.

“Não sou, sendo. Música popular brasileira é música romântica, samba, forró. Essa chamada MPB é coisa de elite. O estilo que eles acham o melhor não tem nada a ver com música popular brasileira. É a menos tocada em todos os lugares. Elite já acabou, hoje o povo vive de realidade”, prossegue, no mesmo tom de doçura observado por Patrícia.

Leia toda a reportagem em CartaCapital, Edição 464


Fonte: CartaCapital

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