quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Músico do Mombojó Lança Disco Solo

Marcelo Campello estréia solo e instrumental
por Dafne Sampaio

Você pode não estar associando o nome à pessoa, mas Marcelo Campello é aquele garoto magro, ali de canto, que toca violão, cavaquinho e outros mil instrumentos no grupo pernambucano Mombojó. Pois então, o músico, do alto de seus 24 anos, acaba de estrear solo (solo mesmo!) em Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas (independente, 2007), um disco totalmente instrumental e muito distante da sonoridade roqueira e psicodélica do grupo que pertence (e isso porque não estamos falando da Del Rey, projeto paralelo dos mombojós com músicas do Rei Roberto).

“Sempre compus para violão desde que comecei a tocar. Gravei a partir do momento em que considero ter atingido uma forma de expressão individual. Foi quando compus o “Sonho I” em 2002. Em abril de 2004 sofri um grave acidente de carro que mexeu comigo no sentido de não adiar mais as coisas, então quando me recuperei acabei registrando toda minha produção para [violão de] 7 cordas até 2006. São as 35 faixas, divididas em três séries, deste disco”, explicou Campello em conversa por email. Além de “Sonhos” (em 13 partes), o disco traz ainda as séries “Projeções” (em 12) e “Soturnos” (em 10), todas imersas em um desejo muito pessoal de unir o popular e o erudito, a beleza e a surpresa. “É difícil citar o que influenciou Projeções porque absorvo através dos sentidos o mundo à minha volta e acabo traduzindo em música de uma forma meio sinestésica”, disse.

Em termos de música o mundo de Campello é composto por figuras como John Coltrane, Garoto, Kraftwerk, Dino 7 Cordas, Baden Powell, Canhoto da Paraíba, Poly, Grandmaster Flash, Rogério Duprat, Horace Andy, Ligeti e Schoenberg. “A lista é enorme e não pára de crescer”, diverte-se fazendo desse balaio um jeito muito natural de ouvir música. Projeções é resultado destas muitas audições acrescidas de uma tocante intimidade (com o instrumento, com os ouvintes, etc). Em um blog, Campello afirmou que “o maior elogio que vocês podem fazer ao meu disco é caírem no sono antes da quinta faixa”. Pergunto se confere. “Hahaha. Confere! São composições extremamente introspectivas, quase hipnóticas, por isso acabam induzindo o sono quando focadas. Sinto-me lisonjeado se coloco alguém pra dormir. É como me comunicar numa esfera abissal, na solidão do sono”, e dá para notar que o sujeito continua se divertindo.

Enquanto segue numa ponte-aérea entre Recife e São Paulo, com escalas Brasil afora via Mombojó e os shows do segundo disco do grupo (Homem-espuma), Marcelo Campello tem apenas uma certeza: “Estou sempre instigado, aprendendo. Este disco é um dos lados de um prisma. É importante procurar se enxergar também por outros ângulos para identificar comportamentos, conceitos, etc, se aperfeiçoar. Estagnação é morte”. E Projeções é só o começo.

Ouça algumas faixas do disco na página de Campello no MySpace


Fonte: Gafieiras

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