Entrevista: Bel Garcia (Bluebell)
por Tiago Barizon
Bel Garcia é uma jovem cantora, compositora e guitarrista de São Paulo que está chamando atenção de crítica e público desde que lançou Slow Motion Ballet, seu debut com o Bluebell, sua banda. Seu som cativou o cineasta Fernando Meirelles, que o qualificou como "genial" ao comentar a personalidade dos vocais e garante que ela veio para ficar. Seu som é íntimo e pessoal, varia das baladas ao rock mais enérgico, com características marcantes que a destacam no meio do cenário independente.
Nessa entrevista, Bel Garcia comenta a respeito de sua história no meio musical, que remonta ao ano de 1995 e passa por grandes momentos, de sua carreira e do que reserva o futuro.
Barizon: Conte um pouco da história da formação da banda. E por que “Bluebell”, uma flor tão comum na Inglaterra, mas rara no resto do mundo?
Bel Garcia: O Bluebell não é bem uma banda. Bluebell é meu pseudônimo. Mas por trás do Bluebell existem também outros dois produtores: o Luciano Kurban tem uma produtora onde eu gravava jingles. Um belo dia ele e o Paulo Corcione me perguntaram se eu compunha. Eu disse que sim e mostrei tudo o que eu tinha na gaveta. Slow Motion Ballet é o resultado da soma de parte do que eu tinha na gaveta com a produção dos dois. Bluebell é legal para ser um pseudônimo... Tem a ver com o meu nome e é uma flor tão bonita... Pena que não tem no Brasil...
Barizon: Mais história do que Bluebell, você tem um passado sempre ligado à música. Como foi esse trajeto?
Bel Garcia: Comecei a cantar profissionalmente aos dezesseis anos, em 95. Tinha uma banda de rock chamada Blue Liver (sim, esse nome tosco é meio que uma origem do nome Bluebell). A gente fazia rock pesado. Batia cartão no palco do Aeroanta, que naquela época já estava decadente. Acabamos indo gravar em Portugal, blá, blá, blá... Não vou entrar em detalhes... Mas tudo o que posso dizer é que essa experiência em Portugal meio que me traumatizou de tal forma que eu parei de ouvir rock. Comecei a estudar música e passei a ouvir e compor só música brasileira e jazz... Isso durou mais ou menos dois anos. Cantei com muita gente, fiz várias gigs, enfim, pastei. Fui voltar a ouvir rock em 2003... O barato de ter passado por vários estilos é o auto-conhecimento... Hoje em dia eu sei melhor o que quero cantar e o que quero compor...
Barizon: Você tem outros projetos, paralelos ao Bluebell. Fale um pouco sobre eles.
Bel Garcia: Tem o Hotel Plaza que faz versões jazzy pra música pop e tem tocado bastante em sampa. O Kardex, minha banda cover de rock, infelizmente tá parado, mas deve voltar...
Barizon: Como foi o processo de composição das letras e melodias de Slow Motion Ballet?
Bel Garcia: Slow Motion Ballet é um disco diferente por causa daquela história da gaveta que eu já havia mencionado. As músicas foram compostas sem intenção de virar um disco. É por isso que grande parte é em inglês. Compus essas músicas pra mim. Talvez seja por isso que elas acabaram tendo apelo. Porque são verdadeiras, simples... Meu processo de composição é básicamente fazer a harmonia, depois melodia, depois a letra, que às vezes é dolorosa pra sair... Principalmente quando é em português... Mas já vou adiantando que o segundo disco vai ter mais português do que inglês...
Barizon: Em uma outra entrevista você afirmou que não só influências musicais afetam suas composições, mas tudo que te cerca, até mesmo sua última refeição. Você acha que isso é um dos motivos das letras serem íntimas e pessoais? Ou isso é algo pensado enquanto você escreve?
Bel Garcia: Não, não é pensado. Aliás, eu procuro pensar o mínimo possível. Eu gosto de trabalhar com imagens do inconsciente, sabe? É quase que psicografar (risos). Eu preciso estar meio alterada pra escrever. Com sono, ou bêbada, ou com muita raiva, ou nervosa... Eu deixo a emoção me levar... Depois eu arrumo as palavras e descubro do que se trata aquilo que escrevi momentos atrás.
Barizon: Em uma resenha da revista Bravo seu trabalho foi comparado ao de Aimee Mann. Mais do que semelhanças musicais, mais notadamente na influência do folk, a forma poética de escrever é muito parecida. Além disso, Aimee Mann também tem uma longa história, desde os anos 80 quando integrava o ‘Til Tuesday. Ela é uma influência no seu trabalho? Com quais artistas atuais você sente afinidade?
Bel Garcia: Sim. Aimee Mann é uma influência. Eu ouvi muito. Fiquei extasiada quando li sobre a comparação... Ultimamente, eu ando ouvindo umas velharias... Led Zepellin, Joy Division... Mas os dois discos que eu mais ouvi no ano que passou foram Road to Rouen, do Supergrass, e Desperate Youth, Blood Thirsty Babes do TV on the Radio. Ouvi muito White Stripes e Blur também...
Barizon: Em sua opinião, o que falta no cenário musical nacional? Quais as dificuldades de um artista, um músico que quer conquistar com um trabalho próprio e original?
Bel Garcia: Não sei se é só no Brasil, mas a indústria fonográfica é uma máfia... Uma amiga que faz marketing fonográfico me disse outro dia que viu diversas vezes diferentes grandes gravadoras se reunindo pra decidir qual vai ser “a bola da vez”. O rádio é outra máfia... Mas também existe muita gente de ouvidos e braços abertos pra música de qualidade. E isso tá crescendo. Mídias novas estão aparecendo... rádios online, podcasts... Eu vejo uma luz no fim do túnel. Um futuro onde as pessoas sejam livres para ouvir o que quiserem e não o que são obrigadas a ouvir...
Barizon: Como tem sido a recepção ao seu trabalho de estréia? Quando vamos ter a oportunidade de ver seu trabalho ao vivo?
Bel Garcia: A recepção está muito boa. As críticas têm sido positivas... Tanto na mídia impressa como na internet e na tv. A MTV, por exemplo, foi super receptiva. Fizemos o Banda Antes, depois uma entrevista no jornal. Espero que eles sejam receptivos também com o clip que está a caminho... O Bluebell estréia ao vivo no dia 08 de agosto no Clube Belfiore. (R. Brigadeiro Galvão, 871 - Barra Funda, São Paulo - SP)
Barizon: Slow Motion Ballet não foi precedido por singles, EPs, nem mesmo uma demo. Mas as críticas foram todas positivas e você concorreu ao Prêmio Dynamite de Música Independente. Nada usual no nosso mercado, não? Como foi que tudo aconteceu?
Bel Garcia: Nós mandamos o disco pra revista Dynamite e eles gostaram. Gostaram tanto que fizeram uma matéria que tá na última edição de revista. Quando eu vi, estava entre os indicados de melhor disco pop, junto com o Nação Zumbi e o Mundo Livre... Eu só tenho a agradecer o Finatti e sei lá quem mais que me colocou lá no meio... É super motivante uma coisa dessas pra alguém que acabou de lançar seu primeiro disco solo...
Barizon: Se não fosse pela música, o que você faria da vida que a deixasse igualmente satisfeita?
Bel Garcia: Acho que para me deixar igualmente satisfeita tinha que ser alguma coisa tipo comediante.. (risos). Eu gosto de coisas que tragam leveza à vida alheia. Isso me realiza.
Barizon: O que podemos aguardar para o futuro, tanto da Bel Garcia quanto do Bluebell?
Bel Garcia: O Bluebell, como eu já havia adiantado, vai estrear os shows em agosto. Espero que a gente toque bastante ainda esse ano. O clip, que foi feito na O2 e dirigido pelo Rodrigo Meirelles, tá quase pronto. A música é "Dull Routine".
Ouça Dull Routine, faixa do disco de estréia de Bel Garcia
por Tiago Barizon
Bel Garcia é uma jovem cantora, compositora e guitarrista de São Paulo que está chamando atenção de crítica e público desde que lançou Slow Motion Ballet, seu debut com o Bluebell, sua banda. Seu som cativou o cineasta Fernando Meirelles, que o qualificou como "genial" ao comentar a personalidade dos vocais e garante que ela veio para ficar. Seu som é íntimo e pessoal, varia das baladas ao rock mais enérgico, com características marcantes que a destacam no meio do cenário independente.
Nessa entrevista, Bel Garcia comenta a respeito de sua história no meio musical, que remonta ao ano de 1995 e passa por grandes momentos, de sua carreira e do que reserva o futuro.
Barizon: Conte um pouco da história da formação da banda. E por que “Bluebell”, uma flor tão comum na Inglaterra, mas rara no resto do mundo?
Bel Garcia: O Bluebell não é bem uma banda. Bluebell é meu pseudônimo. Mas por trás do Bluebell existem também outros dois produtores: o Luciano Kurban tem uma produtora onde eu gravava jingles. Um belo dia ele e o Paulo Corcione me perguntaram se eu compunha. Eu disse que sim e mostrei tudo o que eu tinha na gaveta. Slow Motion Ballet é o resultado da soma de parte do que eu tinha na gaveta com a produção dos dois. Bluebell é legal para ser um pseudônimo... Tem a ver com o meu nome e é uma flor tão bonita... Pena que não tem no Brasil...
Barizon: Mais história do que Bluebell, você tem um passado sempre ligado à música. Como foi esse trajeto?
Bel Garcia: Comecei a cantar profissionalmente aos dezesseis anos, em 95. Tinha uma banda de rock chamada Blue Liver (sim, esse nome tosco é meio que uma origem do nome Bluebell). A gente fazia rock pesado. Batia cartão no palco do Aeroanta, que naquela época já estava decadente. Acabamos indo gravar em Portugal, blá, blá, blá... Não vou entrar em detalhes... Mas tudo o que posso dizer é que essa experiência em Portugal meio que me traumatizou de tal forma que eu parei de ouvir rock. Comecei a estudar música e passei a ouvir e compor só música brasileira e jazz... Isso durou mais ou menos dois anos. Cantei com muita gente, fiz várias gigs, enfim, pastei. Fui voltar a ouvir rock em 2003... O barato de ter passado por vários estilos é o auto-conhecimento... Hoje em dia eu sei melhor o que quero cantar e o que quero compor...
Barizon: Você tem outros projetos, paralelos ao Bluebell. Fale um pouco sobre eles.
Bel Garcia: Tem o Hotel Plaza que faz versões jazzy pra música pop e tem tocado bastante em sampa. O Kardex, minha banda cover de rock, infelizmente tá parado, mas deve voltar...
Barizon: Como foi o processo de composição das letras e melodias de Slow Motion Ballet?
Bel Garcia: Slow Motion Ballet é um disco diferente por causa daquela história da gaveta que eu já havia mencionado. As músicas foram compostas sem intenção de virar um disco. É por isso que grande parte é em inglês. Compus essas músicas pra mim. Talvez seja por isso que elas acabaram tendo apelo. Porque são verdadeiras, simples... Meu processo de composição é básicamente fazer a harmonia, depois melodia, depois a letra, que às vezes é dolorosa pra sair... Principalmente quando é em português... Mas já vou adiantando que o segundo disco vai ter mais português do que inglês...
Barizon: Em uma outra entrevista você afirmou que não só influências musicais afetam suas composições, mas tudo que te cerca, até mesmo sua última refeição. Você acha que isso é um dos motivos das letras serem íntimas e pessoais? Ou isso é algo pensado enquanto você escreve?
Bel Garcia: Não, não é pensado. Aliás, eu procuro pensar o mínimo possível. Eu gosto de trabalhar com imagens do inconsciente, sabe? É quase que psicografar (risos). Eu preciso estar meio alterada pra escrever. Com sono, ou bêbada, ou com muita raiva, ou nervosa... Eu deixo a emoção me levar... Depois eu arrumo as palavras e descubro do que se trata aquilo que escrevi momentos atrás.
Barizon: Em uma resenha da revista Bravo seu trabalho foi comparado ao de Aimee Mann. Mais do que semelhanças musicais, mais notadamente na influência do folk, a forma poética de escrever é muito parecida. Além disso, Aimee Mann também tem uma longa história, desde os anos 80 quando integrava o ‘Til Tuesday. Ela é uma influência no seu trabalho? Com quais artistas atuais você sente afinidade?
Bel Garcia: Sim. Aimee Mann é uma influência. Eu ouvi muito. Fiquei extasiada quando li sobre a comparação... Ultimamente, eu ando ouvindo umas velharias... Led Zepellin, Joy Division... Mas os dois discos que eu mais ouvi no ano que passou foram Road to Rouen, do Supergrass, e Desperate Youth, Blood Thirsty Babes do TV on the Radio. Ouvi muito White Stripes e Blur também...
Barizon: Em sua opinião, o que falta no cenário musical nacional? Quais as dificuldades de um artista, um músico que quer conquistar com um trabalho próprio e original?
Bel Garcia: Não sei se é só no Brasil, mas a indústria fonográfica é uma máfia... Uma amiga que faz marketing fonográfico me disse outro dia que viu diversas vezes diferentes grandes gravadoras se reunindo pra decidir qual vai ser “a bola da vez”. O rádio é outra máfia... Mas também existe muita gente de ouvidos e braços abertos pra música de qualidade. E isso tá crescendo. Mídias novas estão aparecendo... rádios online, podcasts... Eu vejo uma luz no fim do túnel. Um futuro onde as pessoas sejam livres para ouvir o que quiserem e não o que são obrigadas a ouvir...
Barizon: Como tem sido a recepção ao seu trabalho de estréia? Quando vamos ter a oportunidade de ver seu trabalho ao vivo?
Bel Garcia: A recepção está muito boa. As críticas têm sido positivas... Tanto na mídia impressa como na internet e na tv. A MTV, por exemplo, foi super receptiva. Fizemos o Banda Antes, depois uma entrevista no jornal. Espero que eles sejam receptivos também com o clip que está a caminho... O Bluebell estréia ao vivo no dia 08 de agosto no Clube Belfiore. (R. Brigadeiro Galvão, 871 - Barra Funda, São Paulo - SP)
Barizon: Slow Motion Ballet não foi precedido por singles, EPs, nem mesmo uma demo. Mas as críticas foram todas positivas e você concorreu ao Prêmio Dynamite de Música Independente. Nada usual no nosso mercado, não? Como foi que tudo aconteceu?
Bel Garcia: Nós mandamos o disco pra revista Dynamite e eles gostaram. Gostaram tanto que fizeram uma matéria que tá na última edição de revista. Quando eu vi, estava entre os indicados de melhor disco pop, junto com o Nação Zumbi e o Mundo Livre... Eu só tenho a agradecer o Finatti e sei lá quem mais que me colocou lá no meio... É super motivante uma coisa dessas pra alguém que acabou de lançar seu primeiro disco solo...
Barizon: Se não fosse pela música, o que você faria da vida que a deixasse igualmente satisfeita?
Bel Garcia: Acho que para me deixar igualmente satisfeita tinha que ser alguma coisa tipo comediante.. (risos). Eu gosto de coisas que tragam leveza à vida alheia. Isso me realiza.
Barizon: O que podemos aguardar para o futuro, tanto da Bel Garcia quanto do Bluebell?
Bel Garcia: O Bluebell, como eu já havia adiantado, vai estrear os shows em agosto. Espero que a gente toque bastante ainda esse ano. O clip, que foi feito na O2 e dirigido pelo Rodrigo Meirelles, tá quase pronto. A música é "Dull Routine".
A Bel Garcia já tá com a gaveta transbordando e louca pra gravar um segundo disco...
Linques:
www.barizon.net/content/view/227/76/
Linques:
www.barizon.net/content/view/227/76/
Fonte: OverMundo
Ouça Dull Routine, faixa do disco de estréia de Bel Garcia
4 comentários:
olá yerko! por acaso não conhecia esta cantora e ouvi e tou a gostar. tou de partida para a minha viagem. ainda deixei um poema agora só volto na terceira semana de setembro. espero k naõ te esqueças de mim
bjo
carla granja
Minha amiga Carla!!! É sempre bom receber teus comentários.
Eu também não conhecia a Bel Garcia e igualmente "estou a gostar"!
Desejo uma ótima viagem e que regresses cheia de boas lembranças e alegrias.
Beijos.
amo a musica "bolas de sabão".
Uma poesia simples e forte. Verdadeira e atual.
"desconfie dos normais
não acredite nos jornais
experimente pro seu bem
querer o que você já te..."
Valeu a dica, não havia escutado a música ainda!!! E pra quem quiser, a canção tá em http://www.lastfm.pt/music/Bluebell/_/Bolas+de+Sabão
Beijos!
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