terça-feira, 24 de julho de 2007

Cantora une Brasil e Cuba

Marina de la Riva, voz que une Brasil e Cuba

por Dafne Sampaio
Estreante em disco, mas de sólida carreira nas noites paulistanas como vocalista de grupos do naipe do Alta Fidelidade, Marina de la Riva precisava pagar uma dívida. Filha de uma mineira com um exilado cubano, a cantora ouve desde que nasceu em Baixa Grande da Leopoldina, município de Campos dos Goytacazes (RJ), os sons da ilha, mas demorou um tanto para incorporar ao seu trabalho. “A música sempre foi um negócio tão importante pra mim que não pensava em me profissionalizar. Era uma intimidade com a família, eram os discos da minha avó, uma música que meu pai cantava. A música era como uma placenta passando informações emocionais e intelectuais. Uma forma de viver a saudade deles”, explicou em conversa com a reportagem do Gafieiras. No entanto, é possível notar em seu disco de estréia, Marina de la Riva (Mousike/Universal, 2007), que a cantora conseguiu resolver estas questões internas. Mas como?

Após se mudar para São Paulo, Marina começou a atuar na noite, geralmente com um repertório jazzístico, e ter aulas de canto lírico. Tudo ia muito bem, mas ainda não era isso. Algo faltava. “Fui à premiação do Grammy em 2004 e vi o show do [pianista cubano] Bebo Valdés com o [cantor espanhol] Diego Cigala. Nem consegui ver direito o show porque chorei o tempo todo. Ali, naquela hora, entendi o que estava doendo tanto em mim e o que tanto procurava fora sendo que a história era dentro. No vôo de volta ao Brasil peguei um caderno e escrevi todo o projeto deste disco: onde ia gravar, como ia gravar, a qualidade dos músicos, a sonoridade, o tipo de microfone, o repertório, gravações em Cuba”. A princípio, Marina não iria gravar nada brasileiro, mas quando pisou em solo cubano sentiu vontade de colocar seu lado materno para cantar. Viu que precisava unir musicalmente as duas pontas de sua vida e seguir em frente.

Nesta busca por sua própria música, Marina conseguiu reunir figuras como os brasileiros Davi Moraes (grande parceiro na empreitada), Pepe Cisneros, Webster Santos, Toninho Ferragutti, Tadeu Santiago, Ricardo Mosca, Daniel Alcântara, Léo Reis e Guello, e os cubanos Papi Olviedo, Ricardo Castellanos e Antonio Portuondo, além do convidado especial Chico Buarque (em “Ojos malignos” de Juan Pichardo Cambier). Belos e discretos arranjos, uma doce voz sem maneirismos e um repertório que mistura Ernesto Lecuona (“Mariposa”), Dona Ivone Lara (“Sonho meu”), Chano Pozo (“Tin tin deo”), Sivuca (“Adeus Maria Fulô”), Miguel Matamoros (“Juramento”), Silvio Rodríguez (“Te amaré y después”), Ernesto Grenet (“Drume negrita”) e Joubert de Carvalho (“Ta-hí! (Pra você gostar de mim)”). Marina de la Riva conseguiu costurar dentro de si e registrou harmoniosamente em disco duas das culturas musicais mais fortes do mundo.
Fonte: Gafieiras
Ouça Marina de la Riva em sua página do MySpace

Marina de la Riva - Em Estúdio

5 comentários:

wagner disse...

não tem nada dela na net pra ouvir?

Yerko Herrera disse...

Daí, meu guri! Taí algo dela pra ouvir!

Abração!

wagner disse...

bacana, banana, baca-NA!

Daniel Barbosa disse...

Pois é, Yerko...

Em meio a tanto lixo que a indústria cultural oferece à massa, graças aos deuses da boa música universal, surgem grandes preciosidades como a Marina. Ela manda muito bem!

Abraços!

Daniel

Yerko Herrera disse...

Falou e disse, Daniel!

Abração!

Yerko.