Navegando o atlântico, até nós.
por Vânia Medeiros
Tunuka, Tunuka bála
Ki tem koráji, é só Tunuka di meu
Sukuru ka da-l kudádu,
Ka duê-l xintidu, ki fari duê-l korasom.
Os versos acima, em criolo cabo-verdeano, são embalados por um som composto de elementos muito familiares. O fraseado de violão, o jogo percussivo, a língua de vogais livremente pronunciadas. É uma sensação diferente de reconhecimento e surpresa, de se estar chegando a um lugar novo e revisitando ambientes antigos, onde estão impressas nossas origens ancestrais, ibérica e africana. Tudo no mesmo compasso. Quem nos guia é uma voz firme e doce de mulher.
Dentre as muitas cantoras que certamente existem em Cabo Verde e em toda a África, a que representava para o resto do mundo as vozes femininas do continente negro de hoje era – e ainda é, principalmente – Cesária Évora, com seu canto de “sodade”. Mas a terra de Évora nos presenteia mais uma vez. Com seu viço de moça nova (de 22 anos) e seu charme crioulo, Mayra Andrade nos leva de barco com seu canto ancestral cheio de novidade.
“Navega”, seu álbum de estréia de 2006, é o disco de uma cabo-verdeana urbana que se considera também parisiense (a cantora mora atualmente na França), depois de ter nascido em Cuba e vivido com seus pais no Senegal, Angola e Alemanha. Traz doze canções, como ela, mestiças. A maioria é entoada em crioulo, mas Mayra também canta em português e francês, flertando com o jazz, o samba brasileiro e o afro que vem do arquipélago em que foi criada. O som de Mayra e sua banda nos contagia a cada faixa. É uma produção simples, em tons acústicos, livre, divertido, sensual, profundo, cheio de balanço e saudade. A maioria das letras falam das alegrias e dos dilemas próprios do povo cabo-verdeano.
A “pegada” brasileira” pode ser explicada, em parte, pela formação de sua banda: o percussionista é o brasileiro Zé Luis Nascimento, que tem como companheiros de palco os compatriotas Tarcisio Gondim e Nelson Ferreira nas guitarras, além do virtuoso Hamilton de Holanda, no bandolim. Também nas cordas, o cabo-verdeano Kim Alves integra o lado africano, junto o baixista, Etienne Mbappé dos Camarões e Régis Gizavo, de Madagascar, no acordeon.
A relação de Mayra Andrade com o Brasil não pára por ai. Suas amigas de infância eram brasileiras e a cantora já esteve aqui e cantou com Chico Buarque e Lenine representando seu país numa campanha contra a AIDS. “Navega” traz como faixas bônus “Samba e Amor” (de Chico) e “Felicidade” (de Vinícius de Morais), cantadas em brasileiro sem sotaque, perfeito.
A trajetória de Mayra Andrade só está começando e é longa. Apesar de muito nova, Mayra já mostra uma complexidade e uma profundidade em seu canto e em suas escolhas como artista, costurando suas origens de sua cultura com o que há de mais cosmopolita, universal.
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre essa cantora, ouvir suas canções e saber mais detalhes sobre sua trajetória, seu site é o
http://www.mayra-andrade.com
Ki tem koráji, é só Tunuka di meu
Sukuru ka da-l kudádu,
Ka duê-l xintidu, ki fari duê-l korasom.
Os versos acima, em criolo cabo-verdeano, são embalados por um som composto de elementos muito familiares. O fraseado de violão, o jogo percussivo, a língua de vogais livremente pronunciadas. É uma sensação diferente de reconhecimento e surpresa, de se estar chegando a um lugar novo e revisitando ambientes antigos, onde estão impressas nossas origens ancestrais, ibérica e africana. Tudo no mesmo compasso. Quem nos guia é uma voz firme e doce de mulher.
Dentre as muitas cantoras que certamente existem em Cabo Verde e em toda a África, a que representava para o resto do mundo as vozes femininas do continente negro de hoje era – e ainda é, principalmente – Cesária Évora, com seu canto de “sodade”. Mas a terra de Évora nos presenteia mais uma vez. Com seu viço de moça nova (de 22 anos) e seu charme crioulo, Mayra Andrade nos leva de barco com seu canto ancestral cheio de novidade.
“Navega”, seu álbum de estréia de 2006, é o disco de uma cabo-verdeana urbana que se considera também parisiense (a cantora mora atualmente na França), depois de ter nascido em Cuba e vivido com seus pais no Senegal, Angola e Alemanha. Traz doze canções, como ela, mestiças. A maioria é entoada em crioulo, mas Mayra também canta em português e francês, flertando com o jazz, o samba brasileiro e o afro que vem do arquipélago em que foi criada. O som de Mayra e sua banda nos contagia a cada faixa. É uma produção simples, em tons acústicos, livre, divertido, sensual, profundo, cheio de balanço e saudade. A maioria das letras falam das alegrias e dos dilemas próprios do povo cabo-verdeano.
A “pegada” brasileira” pode ser explicada, em parte, pela formação de sua banda: o percussionista é o brasileiro Zé Luis Nascimento, que tem como companheiros de palco os compatriotas Tarcisio Gondim e Nelson Ferreira nas guitarras, além do virtuoso Hamilton de Holanda, no bandolim. Também nas cordas, o cabo-verdeano Kim Alves integra o lado africano, junto o baixista, Etienne Mbappé dos Camarões e Régis Gizavo, de Madagascar, no acordeon.
A relação de Mayra Andrade com o Brasil não pára por ai. Suas amigas de infância eram brasileiras e a cantora já esteve aqui e cantou com Chico Buarque e Lenine representando seu país numa campanha contra a AIDS. “Navega” traz como faixas bônus “Samba e Amor” (de Chico) e “Felicidade” (de Vinícius de Morais), cantadas em brasileiro sem sotaque, perfeito.
A trajetória de Mayra Andrade só está começando e é longa. Apesar de muito nova, Mayra já mostra uma complexidade e uma profundidade em seu canto e em suas escolhas como artista, costurando suas origens de sua cultura com o que há de mais cosmopolita, universal.
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre essa cantora, ouvir suas canções e saber mais detalhes sobre sua trajetória, seu site é o
http://www.mayra-andrade.com
Fonte: Overmundo
Um comentário:
É lindo... Vale mesmo a pena. Fiquei apaixonada uma vez que vi um concerto na tv que foi feito na França e desde aí, oiço muitas e muitas vezes o seu ''Navega''. Vale mesmo a pena.
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